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Wilson Alves dos Santos, um artesão da selaria

Visitamos o rondonopolitano “Wilson Alves dos Santos“, conhecido pelos amigos como “Preto”. Nasceu no dia 08.02.1976, é filho de dona Maria Alves dos Santos e José Gregório dos Santos (em memória).

Criado na região do bairro Jardim Marialva, próximo ao córrego Canivete. Teve uma boa infância com brincadeiras de crianças, como esconde-esconde, pega-pega e banhos no córrego Arareau, inclusive no famoso local chamado Pedra do Raul, na beira do ribeirão Arareau.

Wilson estudou no Colégio Lucas Pacheco, e aos 12 anos de idade iniciou o trabalho na Selaria Pantaneira do seu Geraldo, ficando por nove anos, quando passou a trabalhar com plumas de algodão, no Grupo BDM. Tem três filhos: Andressa, Gabriele e Enzo, e seis netos.

Em 2017 empreendeu com a inauguração da Selaria Nossa Senhora Aparecida. Trabalhando na produção de selas, arreios, encapamento de garrafas de água para tereré, capa de celular, arreio em miniatura, entre outros serviços como a reforma de selas.

Uma sela nasce com a armação em madeira, depois a colocação do couro e o acabamento. Para o trabalho usa normalmente as seguintes ferramentas: sovela, faca, martelo, turquesa, agulha, pé de ferro e amolador de faca.

Assistimos parte da montagem de uma sela pelo nosso entrevistado, quando usou a sovela para fazer os furos no couro para passar a linha encerada, e o uso de pregos para melhor fixar o couro na armação, usando o martelo e um pé de ferro para receber o impacto e moldar a ponta do prego na parte de dentro da peça, que é para estacar e deixar para secar. O manuseio do couro cru, que ficou um período dentro d’água para amolecer, faz com que se facilita a moldagem, que é esticado por uma turquesa e pregado à medida que vai se adequando à armação.

Num arreio completo geralmente tem a sela, o estribo, o suador, o bridão, o pelego, o cabresto, as rédeas, a armação, a barrigueira, a cabeçada, a embocadura e a manta. A regulagem de uma sela é feita pela fivela e argola. Elas dão o ajuste no travessão da barrigueira, no estribo e no loro.

O senhor Wilson nos informou que consegue produzir até três selas por dia, quando a procura é maior e tem as estruturas prontas para a montagem de cada produto.

“A geração de seleiro está acabando. Não tá achando mais seleiro na praça. Vai sumir do mapa, porque o pessoal compra as coisas mais fora, industrializada, fica mais barato”, comentou o senhor Wilson Alves dos Santos.

A diferença com o serviço manual do profissional é que a costura é feita ponto a ponto com cuidado, jeitinho e dedicação como se fosse um artesão, e com as medidas ajustadas para o cavaleiro, enquanto o industrial é mais barato e vem costurado na máquina num processo sem o amor do profissional. Na nossa cidade Já se tem dificuldades de adquirir produtos para o trabalho em Rondonópolis nas lojas especializadas, pois a maioria vem de fora.

“Parabéns para Rondonópolis, que dá oportunidade para todos. Precisa abrir cursos para seleiros, porque a gente só ver cursos para serralheiro, marceneiro, mas não tem curso para seleiro”, lamenta Wilson.

O trabalho de divulgação da Selaria Nossa Senhora Aparecida é o de boca a boca e a qualidade do serviço. Quem conhece sempre volta e indica.

O Preto é um vizinho que considero muito. Ele gosta do trabalho, é honesto e faz um trabalho excelente. Conheço ele a mais de 20 anos. Que Deus abençoe ele, e dê um feliz natal e próspero ano novo”, disse-nos o senhor Antonio Pereira de Carvalho, que estava em visita ao amigo.

 

Hermélio Silva – Nasceu em Rondonópolis – MT.

Profissional de Marketing,

editor e escritor com 34 livros publicados.

Membro cofundador da Academia Rondonopolitana de Letras – ARL,

ocupando a cadeira nº 06.

Fotos: Cesar Augusto.

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