Honda e Toyota são grande rivais japonesas. Não é diferente no mercado brasileiro, onde sedãs, hatches e SUVs das duas montadoras brigam desde os anos 1990, inclusive com inicio de produção local em datas bem próximas, no final dos anos 1990. Mas já imaginou Corolla e Civic brigando como hatches esportivos?

O Honda Civic Type R virá, pela primeira vez, oficialmente ao Brasil. Antes disso, a Toyota já tinha confirmado o GR Corolla para nosso mercado e, com isso, temos uma bela briga para a alegria de quem gosta de um bom esportivo japonês. Mas como os dois hatches se comparam? Eles ainda não estão por aqui, mas já podemos ter uma ideia de como será essa disputa.

Motor 2.0T ou 1.6T? São 24 cv de diferença

O Honda Civic Type R é uma evolução da geração anterior. O motor 2.0 turbo é o K10C1, turbo com injeção direta e variador de fase nos dois comandos de de abertura no escape, este para reduzir o turbolag. É um motor pensado para desempenho, com redutores de atrito e diversos componentes de peso reduzido que, para esta geração do Type R, chegou aos 330 cv (a 6.500 rpm) e 42,8 kgfm de torque de 2.600 a 4.000 rpm. 

O GR Corolla é um pouco diferente. Seu motor é o G16E-GTS, 1.6 turbo de 3 cilindros que estreou no GR Yaris. Para o Corolla, chegou aos 304 cv a 6.500 rpm e 37,7 kgfm de 3.000 a 5.500 rpm. Enquanto o motor Honda é uma variante de um motor utilizado em linhas comuns, o G16E foi feito para os Gazoo Racing em todo seu projeto. Tem dupla injeção, direta e indireta, e variador de fase nos dois comandos. É o mais potente 3-cilindros de produção do mundo. 

São 24 cv e 5,1 kgfm de torque de diferença, com vantagem do Honda. Um motor de maior cilindrada deu uma vantagem para o Civic, mas a faixa de torque mais ampla do Toyota pode ser algo que faça a diferença na pista, por exemplo, apesar de ambos terem o pico de potência a 6.500 rpm. No 0 a 100 km/h declarados, pequena (mesmo) vantagem do Honda: 5,4 segundos versus 5,5 segundos do GR.

Manual sim, mas diferenças na tração

A dupla oriental respeitou o desejo dos puristas e são equipados com câmbio manual de 6 marchas. A maior diferença é o sistema de tração: dianteira no Civic Type R e integral no GR Corolla, algo que provavelmente será o divisor de clientes, com características bem específicas para cada japonês. 

Em freios, obviamente que nenhum deles ficará devendo. O Civic Type R usa pinças dianteiras Brembo de 4 pistões, com discos ventilados de 13,8″, com discos sólidos de 12″ na traseira. O GR Corolla também está com pinças de 4 pistões, discos ventilados de 18″, enquanto a traseira usa 16″ também ventilados. 

De Civic e Corolla, só o nome

Temos aqui dois esportivos de verdade, amplamente melhorados na comparação com seus carros de origem. Mais largos, com bitolas maiores e bem diferentes visualmente, são reconhecíveis de longe como versões preparadas para as pistas, sem nenhuma vergonha de ser. Veja a tabela de dimensões abaixo.

  GR Corolla Civic Type R
Comprimento 4.410 mm 4.595 mm
Largura 1.850 mm 1.890 mm
Altura 1.455 mm 1.407 mm
Entre-eixos 2.640 mm 2.736 mm
Bitola Dianteira 1.590 mm 1.625 mm
Bitola Traseira 1.620 mm 1.613 mm
Peso 1.470 kg 1.446 kg

O GR Corolla é mais compacto. Por sua tração integral, tem a bitola traseira maior e acabou ficando mais pesado. O Type R é um carro maior, mais largo e baixo, e por não ter o peso extra da tração traseira, ficou um pouco mais leve que seu oponente – algo que, ao lado do motor mais potente, dá uma vantagem em aceleração, mesmo sem o pulo da tração nas 4 rodas do GR. 

Ao volante

Ainda não tivemos a oportunidade de pilotar a dupla, mas nossos colegas do Motor1.com EUA já. Sortudos, vamos nos basear nas duas avaliações (que você pode ler completas nos links ao final) para trazer o que esperar do Civic Type R e Toyota GR Corolla – ambos carros que devem ultrapassar os R$ 300 mil por aqui, em quantidades bem limitadas.

Começando pelo Civic Type R, que custa iniciais US$ 43.295. Se destacou pelo uso urbano, com força em baixas rotações e mais parecido com um carro “normal” que pode ser usado na pista aos finais de semana. Ajudaram os amortecedores adaptativos mais amplos em ajustes para algo mais confortável. Aliás, você pode ajustar diversos parâmetros, com peso de direção, respostas de acelerador e os próprios amortecedores em alguns modos de condução, inclusive individuais. 

O Type R é bem comunicativo na pista. O ajuste de suspensão e diferencial deu até uma sensação de tração integral nas saídas de curva, com boas respostas também do sistema de freios e do próprio 2.0 turbo quando exigido. Comparado ao GR Corolla, tem uma relação mais longa de câmbio, justamente por pensar mais também no uso normal. 

Já o GR Corolla é um pouco mais para as pistas, como seu visual já denuncia. Custa iniciais US$ 35.900 e o que chama a atenção é justamente ao contrário do Type R: o motor 1.6 turbo gosta de girar, com torque em rotações mais altas em um câmbio de relação mais curta. Ataca bem as curvas, apesar da reclamação de uma carroceria que rola um pouco demais. A tração integral colabora para as rodas traseiras empurrarem o carro, também com a opção de 50/50. 

Isso nos dá uma base do que esperar no Brasil. Primeiro, o GR Corolla está mais de olho em quem vai para as pistas com maior frequência, enquanto o Type R será mais como um Civic no dia a dia e pronto para as pistas. De qualquer forma, teremos uma briga interessante, bem cara e limitada. Obrigado, Toyota e Honda.