Opinião

Tirem de Bolsonaro o revólver que ele mantém ao alcance da mão

Se a eleição fosse hoje, Lula se elegeria no primeiro turno

Por Ricardo Noblat

Reprodução/Twitter

Ainda não dá para dizer que Geraldo Alckmin, ex-BBB (perdão, ex-PSDB), já começou a entregar votos a Lula como candidato a vice-presidente em sua chapa. Faltam pesquisas que atestem isso.

Mas já dá para dizer que bater na Justiça, desacreditar as urnas eletrônicas, acusar Lula de ser corrupto e comunista e acenar com um golpe militar não acrescentou votos a Bolsonaro.

Certamente garantiu os votos de bolsonaristas de raiz, mas eles cada vez bastam menos para que o seu líder se reeleja. O que fará Bolsonaro daqui para frente depois da pesquisa Datafolha?

Lula tem mais de 21 pontos percentuais de vantagem sobre ele no primeiro turno. Se a eleição fosse hoje e repetisse os resultados da pesquisa, Lula poderia se eleger no primeiro turno.

Segundo o Datafolha, 75% do total de eleitores estão decididos a votar em Lula e Bolsonaro e dizem que não mudarão de posição de jeito nenhum. A ser assim, sobrariam 25% a serem disputados.

É insuficiente para que qualquer outro candidato supere Bolsonaro e se credencie a disputar o segundo turno com Lula. Ciro Gomes (PDT) ainda não alcançou os dois dígitos. Está com 7%.

Simone Tebet (MDB), candidata do MDB e provavelmente do PSDB, amarga 2% dos votos juntamente com Andre Janone (Avante). Os demais candidatos – sim, eles existem – não têm 1% sequer.

A polarização está dada. Na pesquisa espontânea, quando não são apresentados nomes dos candidatos, Lula tem 38% (em março eram 30%). Bolsonaro tinha 23% em março e agora marca 22%.

O pagamento do Auxílio Brasil, nome fantasia do programa Bolsa Família criado na gestão do PT, rendeu pouca coisa a Bolsonaro até aqui. Entre os que o recebem, Lula tem 59%, ele, 20%.

Bolsonaro derrota Lula entre eleitores com renda familiar mensal superior a 10 salários (42% a 31%) e entre empresários (56% a 23%). Entre evangélicos, vence apenas de 39% a 36%.

A mulher do presidente da França foi atacada por Bolsonaro, que a chamou de feia. Bolsonaro irá em junho ao encontro de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, depois de chamá-lo de senil.

Bolsonaro, que no Palácio da Alvorada só dorme com um revólver ao alcance da mão, inspira sérios cuidados. Pelo amor de Deus, tirem o revólver de perto dele, para que não saia disparando por aí.

Quem já foi capaz de planejar atentados à bomba a quartéis quando era soldado, é capaz de fazer qualquer maluquice. Getúlio Vargas, para não ser deposto em 1954, deu um tiro no peito.

Calma! Não estou sugerindo que Bolsonaro possa imitar Getúlio. Seu desamor pela vida só tem a ver com a vida alheia, como se viu durante a pandemia quando morreram mais de 666 mil pessoas.

Ricardo Noblat é jornalista

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *