TADARIMANA

Corria como um menino descalço
Nos verdes cerrados sumia no além
Peixes! Pescavam de porrete
Arco e flecha, divertido anzol.
Era à força do desdém.
As frutas de ingás caiam para alimentar a vida
Que minava entre suas correntezas.
Águas que não acabavam mais
Nas locas de pedras a morte
Para os incautos sem sorte.
Era fundo… era limpo… era lindo…
Descia como uma vertente em lida
Sorria de alegria e de sonhar
Sentia a vertigem dos sonhos.
Era a vida… era vida… era vida!
Muitos passavam, paravam para olhar
Muitos pescavam, banhavam emoção
Era uma aventura viver nessas águas
Num lugar tão bom, de ternura,
Sem perturbação.
Hoje este manancial está deserto
São lembranças de um passado majestoso.
Os ingás não existem, foram embora com a foice
As frutas, os peixes, o ar.
Foram pelas mãos sem consciência.
A areia é o único produto do seu leito minguado.
Vai diminuindo a vida, a alimentação.
São águas solitárias
Sem rumo, sem remo
Sem esperança de salvação.
Vai descendo, escorrendo lentamente.
Sem barulho, sem murmúrio, sem alento.
Vai chorando, vai sofrendo a desolação
As arvores que estavam nas encostas
Foram tiradas para virar carvão.
