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Sheila Bellaver: De gata Borralheira a dona de frota de caminhões

O emprego que virou sobrenome

Oficialmente habilitada, ainda demorou cinco anos para a caminhoneira “ter uma carreta na mão”, como ela mesma diz. Nesse período, Sheila chegava a rodar 400 km por dia para entregar currículos em diversas cidades do Rio Grande do Sul.

“Em Lagoa Vermelha as pessoas riam de mim, debochavam, achavam graça. Nessa época eu trabalhava em uma empresa de verduras como embaladora, chegava a chorar vendo um caminhão passar. Chorava de tristeza. Entrei em depressão.”

A alegria veio quando um amigo do seu pai, o Buda, resolveu ajuda-la. Depois de ouvir muitas piadas e ofensas, veio o primeiro e único “sim” de uma empresa privada, a Bellaver. O orgulho foi tão grande que a caminhoneira não só vestiu a camisa, mas adotou a empresa como sobrenome.

“Trabalhei por dez anos com a Bellaver com toda a gratidão do mundo. Foi ela que me deu uma oportunidade, mas eu tinha mais um sonho: ver o meu nome no baú dos caminhões. Há dois anos comprei o meu primeiro caminhão, um Scania, depois veio um Volvo, uma carreta que vendi há poucos dias e, em algumas semanas, virá mais um Volvo”, comemora.

Na estrada não sou desrespeitada, na internet sim

Segundo Sheila, a internet deixa as pessoas mais corajosas para elogiar, criticar e desrespeitar os outros. Mas na vida real, na estrada, ela é extremamente respeitada por seus colegas caminhoneiros, motoristas de carros de passeio e policiais. Dona de um corpo escultural, quase sempre vestido com roupas justas, ela conta que nunca passou por nenhuma situação de assédio nas estradas.

“Hoje todos me respeitam, de policiais a bandidos. Os policiais porque sabem que não acharão nada de errado no meu caminhão, e os bandidos porque sabem que meu caminhão rosa é muito conhecido e visado. Não há um lugar que eu pare sem ser abordada por pessoas querendo tirar foto. Não vale a pena me roubar.”

Apesar da tranquilidade que a fama trouxe, a profissional deixa claro que a vida real do caminhoneiro não é essa. Hoje, ela trabalha 50 dias e folga uma semana por opção, mas conta que os colegas estão cada dia precisando correr mais para honrar os prazos e conseguir pagar as contas no fim do mês.

“Hoje eu tenho dinheiro, tenho outras rendas, mas mesmo assim quase infarto quando encho o tanque de combustível. As estradas estão cada vez mais perigosas, em condições horríveis e com muita violência. O caminhoneiro trabalha com a cabeça cheia, podendo se envolver em acidentes. São muitos riscos, é uma profissão muito dura”, lamenta Sheila.

Apesar da “casca grossa” que teve que criar para resistir às pancadas da vida, Sheila tem o coração doce, cheio de carinho por seus quatro filhos – os gêmeos Vitor e Vinicius, de 21

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