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Radicais sugerem morte e linchamento de padre da Vila Operária

A Polícia Civil vai investigar as ameaças de morte feitas contra o padre Volnei Luiz Werber, pároco da Igreja São José Operário, uma das mais tradicionais de Rondonópolis. O religioso virou alvo do ódio de bolsonaristas após a paróquia fechar um contrato de locação para a realização de um evento que vai celebrar os 77 anos do ex-presidente Lula, nesta quinta-feira. O contrato foi cancelado a pedido do bispo Dom Mauro Jardim, após as ameaças. Os organizadores decidiram transferir o ato político para o Centro de Eventos Tulipas, localizado no Parque das Nações.

No Boletim de Ocorrência (veja trecho abaixo) o padre relata que começou a receber as ameaças no dia 25, após ter firmado contrato de locação do salão paroquial para o evento na noite desta quinta-feira (27).  Além de mensagens em grupos de Whatsapp, houve também várias ligações telefônicas de cunho ameaçador para a secretaria da paróquia. As pessoas, ainda não identificadas, prometiam adotar medidas violentas caso houvesse a reunião.

“Dentre as ameaças em rede social algumas diziam o seguinte: ‘Tinha que matar um padre desse’, ‘Esse padre deveria ser expulso da cidade’ e que ‘Esse padre deveria ser linchado em praça pública’. (…) Ainda houve pessoas que ligaram e de maneira exaltada protestaram quando ao ato que seria realizado na igreja”, informa o Boletim de Ocorrência.

Além de cancelar a locação, o padre Volnei também adotou algumas medidas de segurança, entre elas a sua substituição nas celebrações programadas para esta semana na igreja.

Ele informou que consegue identificar algumas das pessoas que fizeram as ameaças e reforçou que teme pela sua integridade física. ““A gente está vendo uma intolerância tanto política quanto religiosa. Os que se dizem bons católicos são os primeiros a agredir a gente”, lamenta.

SITUAÇÃO INÉDITA.

Os ataques feitos pelos radicais da extrema-direita ganharam repercussão em vários veículos de comunicação de Mato Grosso e até em outros estados do país. Apesar de ser uma cidade reconhecida pela politização e por grandes embates em eleições, nunca antes um religioso havia sido alvo de ameaças em Rondonópolis.

Fiéis católicos ouvidos por nossa reportagem repudiaram os ataques, considerado uma afronta aos princípios do cristianismo e um desrespeito ao padre Volnei e também ao bispo Dom Maurício Jardim – que teve sua posse canônica na Diocese no último domingo.

“É um absurdo, uma falta de respeito com os cristãos verdadeiros. Quem tem os pés no chão e caminhada de igreja não faz isso não. Estão misturando política com religião. É muito feio, nunca tinha visto isso na minha vida”, disse uma empresária católica que há mais de 40 anos participa ativamente das atividades desenvolvidas pela Diocese de Rondonópolis-Guiratinga.

Eduardo Ramos/RegionalMT

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