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Possível candidatura de Lula pode reaproximar PSB do PT


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Possível candidatura de Lula pode reaproximar PSB do PT
Agência Brasil

Possível candidatura de Lula pode reaproximar PSB do PT

A liberação do ex-presidente Lula para disputar a eleição presidencial de 2022 pode reaproximar o PSB do PT no plano nacional. As duas legendas estavam afastadas desde 2019 e uma aliança, caso Fernando Haddad fosse o candidato presidencial petista, era completamente descartada.

Agora, nas palavras de um deputado, a presença de Lula será “levada à mesa” nas discussões internas sobre os rumos do PSB para 2022. A busca de um outsider, como o apresentador Luciano Huck e a empresária Luiza Trajano, continua a ser considerada.

Diminuem, porém, as chances de uma união com Ciro Gomes (PDT). Na eleição municipal do ano passado, PSB e PDT fizeram alianças em oito capitais e havia expectativa de manter a união para 2022. A avaliação de um parlamentar socialista é que o espaço eleitoral de Ciro fica “muito imprensado” caso Lula seja mesmo candidato.

Interesse pernambucano

Um fator que pode pesar para a reaproximação com o PT são os interesses do PSB em Pernambuco, estado natal de Lula. Manter o comando do governo local é considerado vital pelos socialistas. Uma aliança com Lula poderia ajudar a impulsionar a candidatura do ex-prefeito de Recife Geraldo Júlio, apesar de parlamentares lembrarem que o PSB governa o estado há 16 anos e neste período venceu eleições com e sem o apoio de Lula.

Pernambuco é o estado que tem mais cadeiras na direção nacional do PSB. Portanto, a posição defendida pelos representantes do partido no estado costuma definir prevalecer nas disputas internas. Além do interesse na força eleitoral de Lula, principalmente no interior, pesa também a boa relação pessoal do ex-presidente com a família do ex-governador Eduardo Campos (1965-2014). João Campos, filho de Eduardo, foi eleito prefeito de Recife no ano passado.

A disputa municipal de 2020 marcou um dos momentos mais tensos da relação entre PT e PSB. Marília Arraes, a candidata petista que disputou o segundo turno da eleição de Recife contra João Campos, seu primo de segundo grau, adotou uma linha dura de ataques contra a família do ex-governador.

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Porém, em fevereiro, Marília, que é deputada federal, se desgastou dentro do PT ao descumprir orientação da direção partidária e disputar a segunda secretaria da Câmara. Com o apoio de Arthur Lira (PP-AL), o candidato de Jair Bolsonaro que acabou eleito presidente da Casa, a petista conquistou o posto.

Marília, que entrou na eleição municipal do ano passado com a benção de Lula, corre o risco até de sofrer uma punição de sua legenda. Dessa forma, a queima do capital político da deputada pode ajudar na reaproximação entre PT e PSB em Pernambuco.

“O PSB vai trabalhar para contribuir com a aglutinação das forças democráticas que se oponham ao projeto autoritário de Bolsonaro. É claro que Lula tem um approach para ser o representante desse campo, mas não é, de maneira nenhuma, o candidato natural. Se tiver essa pretensão, ele se inviabiliza nessa aproximação. O espírito de uma frente não pode começar pelo candidato, tem que começar pela tarefa, que é enfrentar e derrotar Bolsonaro”, afirma o deputado Tadeu Alencar (PSB-PE).

O discurso do ex-presidente

Um dos fatores que os pessebistas pretendem avaliar é o tom do discurso que Lula adotará após recuperar os seus direitos políticos. A linha agressiva e hegemonista vista logo após a saída da prisão em novembro de 2019 desagradou as lideranças do PSB.

O presidente do partido, Carlos Siqueira, não descarta completamente o apoio a Lula, mas afirma que a busca pelo outsider é o caminho com mais adesão interna.

“Essas opiniões à queima-roupa (a favor de Lula) diante de um fato inusitado são compreensíveis. Mas é muito cedo, temos mais de um ano pela frente para decidir isso e um ano na política brasileira é uma verdadeira eternidade. Podem acontecer tantas coisas que é precipitado falar qualquer coisa sobre candidatura para 2022. Mas, pelo que apurei, a minha tese de uma frente para agregar as forças políticas econômicas e sociais mais amplas, é a mais apoiada dentro do PSB”, diz.

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