Opinião

Não é uma escolha difícil.

Não é uma escolha difícil

Por Ricardo Noblat

Reprodução

O que esperar de um presidente da República que enfrentou a pandemia da Covid-19 como se ela fosse uma “gripezinha”, receitou cloroquina para os doentes, foi contra as medidas de isolamento social e retardou o quanto pôde a compra de vacinas?

Bolsonaro foi treinado para matar, é só isso o que sabe fazer, e já reconheceu uma vez. Durante a pandemia, disse que morreriam “os que tivessem de morrer”, o importante seria salvar a economia, porque se ela não fosse salva, seu governo iria para o brejo.

Não lhe peçam, portanto, que ofereça uma única palavra de consolo à família de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, assassinado dentro de uma câmera de gás improvisada por quatro agentes da Polícia Rodoviária Federal em Umbaúba, Sergipe.

O que fez Genivaldo? Pilotava uma moto sem usar capacete. O que tantas vezes fez Bolsonaro até aqui? Pilotou motos sem usar capacete. A Polícia Rodoviária Federal jamais o multou por isso; governos estaduais, sim. As multas não foram pagas.

Se for um dia, o dinheiro não sairá do bolso de Bolsonaro. A Justiça é cega e lenta. O cartão corporativo da Presidência da República serve para isso mesmo – pagar todas as despesas do seu portador, as legítimas, e, principalmente as que não são.

Genivaldo foi morto na tarde da última quarta-feira, dia 25. Não resistiu à prisão. Sacou dos remédios que tomava para mostrar que estava doente. Não carregava armas. Foi jogado no chão, algemado, e depois metido no bagageiro de um carro da polícia.

Em seguida, os policiais empurraram suas pernas para que ele as recolhesse, enquanto Genivaldo, que antes fora surrado, gemia de dor. Um dos policiais jogou uma bomba de gás para que explodisse junto dele. Genivaldo chegou morto ao hospital.

Na quinta-feira, em Brasília, repórteres de uma rádio perguntaram a Bolsonaro se ele tinha algo a dizer. Sua resposta:

“Vou me inteirar. O que eu vi há pouco, há duas semanas, foram dois policiais executados por um marginal que estava andando no Ceará. Foram negociar com ele, o cara tomou a arma e matou os dois. Talvez isso, nesse caso, o que tinha na cabeça dele”.

E completou:

“Uma coisa é execução. A outra… Eu não sei o que aconteceu. A execução, ninguém admite ninguém executar ninguém. Mas não sei o que aconteceu para te dar uma resposta adequada”.

O que aconteceu está nos vídeos das testemunhas da execução de Genivaldo, exibidos por redes nacionais de televisão e à disposição de Bolsonaro nas redes sociais. Basta que dê um clique. Além de matar, ele já provou que sabe clicar; é o que mais gosta de fazer.

Bolsonaro dispensou vídeos, testemunhos e inquéritos para comentar a chacina da Vila Cruzeiro, a segunda mais letal da história do Rio; atrás apenas da ocorrida na favela do Jacarezinho, no ano passado, onde 27 pessoas foram assassinadas pela polícia.

Sobre a chacina da Vila Cruzeiro, que aconteceu um dia antes da execução de Genivaldo, Bolsonaro escreveu no Twitter:

“Parabéns às forças policiais pela operação de enfrentamento ao crime realizada hoje. Menos 20 marginais na rua para tirar a vida de alguém e depois tomar uma cervejinha Lamentamos a morte de uma inocente… infelizmente”.

A Polícia Civil informou que morreram 23 pessoas; a Polícia Militar, que foram 26. Nenhum policial saiu ferido. Ninguém foi preso. Pelo menos contra 16 dos mortos não havia mandado de prisão em aberto. Um deles foi morto a facadas.

Ou Bolsonaro é asfixiado pelas urnas em outubro próximo ou ele continuará tornando o Brasil um país irrespirável.

Ricardo Noblat é jornalista

 

 

NATUREZA: 

Perturbação do Sosseg

MARGARIDAS Nº 524 BAIRRO VILA PLANALTO HAVIA DUAS CRIANÇAS DE 02 E 03 ANOS SOZINHOS.

CONSELHEIROS DE PLANTÃO CHEGARAM NO LOCAL E BATEU PALMAS E FORAM RECEBIDOS PELAS

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