Polícia

Juiz nega recurso do MP que pedia prisão de pecuarista acusado de desmatar 81 mil hectares no Pantanal

PJC

Juiz do Núcleo de Inquéritos Policiais, João Francisco Campos de Almeida manteve a decisão que negou o pedido de prisão do pecuarista Claudecy Oliveira Lemes, investigado por desmate químico no Pantanal Mato-Grossense, em áreas que totalizam 81 mil hectares.

O magistrado encaminhou o recurso do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) à instância superior da Justiça.

O MP entrou com um recurso em sentido estrito contra a decisão e o juiz determinou que o pecuarista apresentasse sua defesa. Após as devidas manifestações, o magistrado acabou mantendo a decisão que negou a prisão, por entender que não há nada irregular nela.

“Reapreciando a matéria […], não vislumbro o desacerto da recorrida decisão e, estando presentes os requisitos intrínsecos e extrínsecos do recurso, mantenho-a em seus próprios fundamentos”.

O juiz ainda considerou que “há necessidade de formação por instrumento do aludido recurso” e, com isso, determinou o encaminhamento do recurso do MP ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

 

O caso

A área abrangida pelo despejo criminoso de agrotóxicos para desmatamento químico está compreendida em 81.223,753 hectares dos imóveis rurais de propriedade do investigado, integralmente inseridas no bioma Pantanal – em região que deveria ser ícone na proteção ambiental por se constituir em Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera.

 

Durante as investigações conduzidas pelas equipes da Dema e da Sema, foram realizadas coletas de informações fiscais, financeiras, georreferenciada e de campo e também mapeamentos dos imóveis rurais onde houve o dano ambiental com as ações de desmatamento, degradação ambiental e poluição por uso irregular de defensivos agrícolas. Imagens de satélite também auxiliaram nas investigações.

A análise de dados fiscais realizados pelo Núcleo de Inteligência da Dema consignou que, no período de 1º de fevereiro de 2021 a 8 de fevereiro de 2022, foram adquiridos agrotóxicos de várias distribuidoras, destinados à propriedade investigada. Somados, os insumos totalizam mais de R$ 9,5 milhões.

 

Nas buscas realizadas em março de 2023, foram encontradas diversas embalagens dos produtos químicos e agrotóxicos, confirmando a autoria e causa entre o desfolhamento das espécies nas áreas das propriedades rurais do investigado e o emprego de substâncias químicas hábeis a ocasionar o dano ambiental registrado. As amostras coletadas na vegetação e nos sedimentos detectaram a presença de quatro herbicidas: imazamox; picloram; 2,4-D e fluroxipir.

Gazeta Digital

Foto: PJC

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