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Irmão Kiwxi tomba na luta em defesa da terra indígena

 

Irmão Kiwxi para os índios Enawenê-Nawê e ícone dos indigenistas para a Funai. Esses dois títulos o missionário jesuíta espanhol nascido em Albacete e naturalizado brasileiro, Vicente Canãs Costa, levou para o túmulo. Virou mártir da Igreja Católica Apostólica Romana.

Vicente Cañas pagou com a vida o preço da defesa das terras dos Enawenê-Nawê, com os quais conviveu e viveu por 13 anos ininterruptos, desde o primeiro contato daquele povo com a sociedade envolvente, em 1974.

Intransigente defensor dos direitos dos índios, Vicente Canãs foi assassinado a facadas e pauladas nas imediações do barraco à margem esquerda do rio Iquê, afluente do Juruena nas terras dos Enawenê-Nawê, município de Juína, onde morava sozinho.

O corpo de Vicente Cañas foi encontrado por missionários jesuítas em 16 de maio de 1987. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que seu assassinato ocorrera 40 dias antes.

A luta de Vicente Cañas resultou na demarcação da reserva de 547.876,03 hectares do Enawenê-Nawê nos municípios Juína, Comodoro e Sapezal. Esta área foi homologada por decreto em 2 de junho de 1996.

O posicionamento do missionário em defesa dos Enawenê-Nawê criou clima tenso em Juína e ele denunciou que estaria jurado de morte por fazendeiros. Seu assassinato ganhou repercussão internacional.

Somente o delegado aposentado Ronaldo Antônio Osmar  foi condenado pelo assassinato. Em fevereiro de 2018 Osmar recebeu pena de 14 anos e 3 meses por contratar os assassinos de Vicente Cañas; ele recorre em liberdade. Sua condenação pelo Tribunal do Júri da Justiça Federal, em Cuiabá, foi sentenciada pelo juiz  juiz Paulo Cézar Alves Sodré.

Antes de Osmar,  José Vicente da Silva foi julgado e acusado pelo Ministério Público Federal de ser pistoleiro com participação direta no homicídio; José Vicente foi absolvido por 5 votos a 2 pelo Tribunal do Júri da Justiça Federal, em Cuiabá, presidido pelo juiz Jefferson Schneider, no dia 29 de outubro de 2006.

O fazendeiro Pedro Chiquetti, acusado de ser o mandante do crime morreu antes de ser julgado. Outros cinco pronunciados foram absolvidos.

A memória de Vicente Cañas é reverenciada pelos Enawenê-Nawê. O missionário que chegou ao Brasil em 1965, escolheu viver entre os índios, dos quais se sentia verdadeiro irmão – o Irmão Kiwxi.

Graças aos ensinamentos de Vicente Cañas, o povo que habita a calha do rio Iquê, onde o Chapadão do Parecis troca o cerrado pela floresta, alcançou a cidadania plena com a demarcação de suas terras.

FOTO: Arquivo do Conselho Indigenista Missionário (CIMI)

REDAÇÃO: Boamídia

 

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