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Finalmente Roberto Jefferson foi preso

Roberto Jefferson gravou vídeo contando ter atirado nos policiais. Imagem: Reprodução

Depois de mais de 8h de resistência, o presidente de honra do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) Roberto Jefferson foi preso no começo da noite deste domingo (23). O ex-deputado estava cercado por agentes da Polícia Federal (PF) em sua casa, na cidade de Comendador Levy Gasparian, no Rio de Janeiro, desde o começo da tarde.

Mais cedo, Jefferson reagiu à prisão e disparou tiros de fuzil contra os agentes da PF, ferindo duas pessoas. De acordo com a polícia, o aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda jogou uma granada contra os agentes policiais.

A concretização da prisão se arrastou ao longo do dia após Bolsonaro intervir e, numa atitude sem precedentes, enviar o ministro da Justiça, Anderson Torres, ao Rio de Janeiro para negociar com o aliado. Apesar da ação inusual, os agentes da PF acabaram efetivando a prisão antes da chegada do ministro.

O ex-deputado estava em prisão domiciliar depois de ter sido preso em agosto de 2021, acusado de integrar milícias digitais que ferem a democracia. Jefferson foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por incitação ao crime, ameaça às instituições e homofobia.

Ele teve a prisão domiciliar revogada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), depois de divulgar um vídeo, na última sexta-feira (21), com ofensas contra a ministra Cármen Lúcia, do STF, chamando-a de “prostituta arrombada” ao ofendê-la devido a decisão judicial tomada pela ministra no âmbito das eleições.

O vídeo foi publicado na rede social da filha e uma das condições para usufruir do benefício da prisão domiciliar era não participar de redes sociais.

Tentativa de homicídio

Em vídeo divulgado no começo da tarde de domingo (23), Jefferson filmou a própria televisão, onde é possível ver os agentes da Polícia Federal parados próximos da sua casa. O ex-deputado então faz um discurso em que se coloca como uma vítima que está sendo perseguida, afirma que não vai se render e ainda convoca a população a “lutar” e seguir seu exemplo.

“A minha raiz está plantada, o que quero vocês sabem. O jogo que estou jogando, vocês sabem”, diz ele. Na sequência, a filmagem feita por Jefferson já mostra o automóvel da Polícia Federal com o vidro quebrado e ele anunciando que atirou nos agentes, o que pode ser considerado como tentativa de homícidio.

Apesar de estar em prisão domiciliar, o ex-deputado mantinha diversas armas em sua residência.

“Não me entrego, chega de abrir mão da minha liberdade em favor da tirania. Vou cair de pé”, afirmou o ex-deputado e aliado de Bolsonaro. Jefferson ainda faz uma fala em que dá a entender pensar que o episódio poderia levá-lo a morte. “Eu vou, se Deus quiser, vou embora, mas deixo plantado o meu exemplo”, comentou, e continuou com convocações à luta contra o que chama de “tirania”.

Em outro vídeo divulgado pelo ex-deputado após o episódio, é possível ouvir uma voz feminina ao fundo lamentando o ocorrido, ao que Jefferson pondera que não atirou nos policias, mas “perto”.

“Não atirei em ninguém pra pegar. Atirei no carro e perto deles. Eram quatro, eles correram e falei: ‘Saí que vou pegar vocês’”, ele conta, enquanto segue a convocação das pessoas à luta e para “colocar a cruz de Cristo no topo do mundo”.

Após a prisão, o ministro Moraes se manifestou no Twitter: “Parabéns pelo competente e profissional trabalho da Polícia Federal, orgulho de todos nós brasileiros e brasileiras. Inadmissível qualquer agressão contra os policiais. Me solidarizo com a agente Karina Oliveira e com o delegado Marcelo Vilella que foram, covardemente, feridos”, disse

Também pelo Twitter, Bolsonaro primeiro se manifestou sobre a atitude do aliado, repudiando a agressão verbal contra a ministra do STF Carmen Lúcia e a ação armada contra os agentes da Polícia Federal. O presidente, entretanto, equiparou os dois episódios protagonizados por Jefferson aos inquéritos que tramitam na Suprema Corte, os quais o presidente diz não terem respaldo na Constituição.

Após a concretização da prisão de Jefferson, o presidente publicou outro vídeo nas redes sociais, visivelmente constrangido e, pela primeira vez, chamando o aliado de “criminoso”.

Sul 21

 

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