Do leitor

DO LEITOR | QUANTO MAIS SEI, SEI QUE NADA SEI!

Se Sócrates existiu de fato ou foi um personagem criado por Platão, não importa. Fictício ou não, trata-se de uma figura icônica que se perpetuou na história do pensamento ocidental com a famosa frase “Só sei que nada sei”, marcando a transição do período dominado pelos sofistas — sábios ambulantes de filosofia que ensinavam a arte da retórica, considerados charlatões por Platão  —  para o período em que os filósofos se tornaram a principal referência para explicar os principais fatos e fenômenos sócio, políticos, econômicos e culturais de seu tempo e dos vindouros. 

Mas Sócrates era muito sábio e humilde e, por isso, sabia que quanto mais conhecimento uma pessoa detém sobre qualquer objeto, fato ou fenômeno não dá conta de toda a sua dinamicidade e complexidade, sobretudo, quanto se trata do homem e as relações e interrelações que estabelecem entre si, consigo mesmos e com a natureza. Daí sua convicção: “Só sei que nada sei”. 

No século XV veio o Renascimento, um movimento cultural, econômico e político, surgido na Itália no século XIV e que se estendeu até o século XVII por toda a Europa. Tudo passa a ser explicado pela razão e pela ciência, ou seja, todo conhecimento para ser considerado verdadeiro deveria ser demonstrado através da experiência científica. Teorias milenares passam a ser questionadas,  a substituição do geocentrismo ptolomaico (a Terra como centro do universo) pelo heliocentrismo (o sol como centro do universo), a partir de então, foi inevitável, a preocupação maior não era mais explicar a realidade, tanto natural, quanto social por meio da filosofia, mas conhecer e compreender suas leis e causas de seu funcionamento de modo a poder controlá-las em benefício da humanidade. 

Mas o surgimento da ciência como a principal forma de explicação não elimina a força do pensamento de Sócrates, pois a humildade do estudante/pesquisador deve persistir sempre, de modo a evitar a arrogância e a prepotência, defeitos imperdoáveis a qualquer pesquisador. 

(*) Wilse Arena da Costa, Profa. Doutora em Educação. Palestrante, Escritora e Membro Fundadora da Academia Rondonopolitana de Letras/MT, Cadeira n° 10. Contato: wilsearena@hotmail.com

 

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