DO LEITOR: MISOGINIA, MACHISMO E FEMINISMO

Por Wilse Arena

Qualquer um que for à praia pode verificar que há inúmeros homens com corpos atléticos, bronzeados e de tanga, algumas bem apertadas e curtinhas. Claro que chamam a atenção de todo mundo: de homens, por admiração ou inveja mas, sobretudo, de mulheres, que ficam a imaginar sua performance sexual. No entanto, salvo raríssimas exceções, não se vê mulheres sequestrando e abusando sexualmente de homens que se enquadram nesse perfil. E mais, quando homens são indiciados por assédio ou abuso sexual justificam que a culpa foi delas, porque estavam se exibindo, como que pedindo para serem assediadas, abusadas e até estupradas!

O mesmo ocorre quando agridem física e/ou psicologicamente uma mulher. A culpa é sempre delas: porque não fizeram as tarefas, o sexo, ou seja, lá o que for, do modo como eles haviam determinado que deveria ser feito. Geralmente, quanto mais abusivos, mais “homens” se sentem. A questão é a seguinte: aqueles que agem assim – existem em maior número do que gostaríamos – são os que chamamos de misóginos, ou seja, “um ódio inconsciente que alguns homens sentem por mulheres que não se comportam ou pensam da maneira esperada por eles. Um sentimento que se forma desde o início da vida, muitas vezes como resultado de um trauma envolvendo uma figura feminina que confiavam”.

Obviamente, a misoginia está intimamente relacionada com o machismo: “um preconceito, expresso por opiniões e atitudes, que se opõe à igualdade de direitos entre os gêneros, favorecendo o gênero masculino em detrimento ao feminino”. O machismo tem sido uma das principais causas de feminicídio, ou seja, homicídio praticado contra a mulher por ela ser mulher.

Para evitar a banalização da violência de gênero é que milhares de mulheres em todos os cantos do mundo vêm se mobilizando no sentido de chamar a atenção das pessoas para a importância de uma sociedade democrática, com melhores

condições de trabalho e salários para todos e com igualdade de direitos entre os gêneros, o que seria benéfico, tanto para a mulher quanto para homens.

Tal expansão da consciência feminista, pode ser identificada “até nos discursos das atrizes de Hollywood, diretoras de cinema, cantoras (…) em uma proliferação de coletivos feministas nas redes sociais, nas periferias, nas universidades e nas escolas de ensino Médio e Fundamental”.

Enfim, nós mulheres feministas, não lutamos contra os homens, ao contrário do machismo que é um comportamento que defende a superioridade dos homens sobre as mulheres, defendemos e lutamos pela igualdade entre os gêneros, pois juntos e sem preconceitos, com certeza, seremos mais fortes para construir uma sociedade verdadeiramente mais justa e democrática.

(*) Wilse Arena da Costa, Profa. Doutora em Educação. Palestrante, Escritora e Membro Fundadora da Academia Rondonopolitana de Letras/MT, Cadeira n° 10.