sexta-feira, 2 de maio de 2025

Local

COMISSÃO “CAMPUS DEFINITIVO JÁ” SOLICITA APOIO DO MOVIMENTO COMUNITÁRIO DE RONDONÓPOLIS

Comissão “Campus Definitivo Já” mobiliza lideranças comunitárias de Rondonópolis para pressionar o Governo do Estado e garantir a instalação definitiva da UNEMAT no município após 25 anos de espera.

Em uma reunião realizada na tarde de ontem (16), na sede da União Rondonopolitana das Associações de Moradores de Bairros (URAMB), a Comissão “Campus Definitivo Já” — formada por representantes da sociedade civil organizada de Rondonópolis e da região sul/sudeste de Mato Grosso — solicitou formalmente o apoio dos movimentos comunitários da cidade na luta pela consolidação do campus definitivo da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) no município.

O encontro contou com a presença de líderes comunitários, representantes de entidades sociais, membros da comissão e cidadãos interessados no fortalecimento da educação pública superior na região. Durante a reunião, os integrantes da comissão apresentaram um panorama detalhado da importância estratégica da UNEMAT para o desenvolvimento regional, destacando que Rondonópolis, uma das cidades que mais contribuem com a arrecadação de impostos estaduais, não tem recebido a devida contrapartida em investimentos na área da educação superior.

Segundo os membros da comissão, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) precisa provocar um debate sério e aprofundado sobre o orçamento do Estado e sobre a destinação justa de recursos para consolidar, de forma definitiva, o campus da UNEMAT em Rondonópolis.

“O que estamos exigindo é justiça. Não é favor, é um direito. Rondonópolis e sua região contribuem imensamente com a economia do Estado, e é inaceitável que ainda tenhamos que lutar por um campus universitário definitivo. Já deu. São 25 anos de espera, e o orçamento da UNEMAT tem que garantir um campus definitivo para Rondonópolis. O resto é só enrolação para tentar acalmar a gente, e não vamos desistir até sair este campus com a assinatura do Governador”, afirmou a liderança comunitária Hilda Alencar.

O apoio das lideranças comunitárias é visto como estratégico para ampliar a mobilização popular e pressionar os poderes públicos. A proposta é construir, a partir deste diálogo com os bairros, uma grande frente de mobilização, com ações previstas para os próximos meses.

A comissão reafirmou ainda seu compromisso com uma luta pacífica, propositiva e baseada em dados concretos sobre as necessidades da população e o papel transformador da universidade pública. Um calendário de atividades deve ser divulgado em breve, envolvendo audiências públicas, manifestações e reuniões com autoridades estaduais.

A comissão reforça o convite para que toda a população se engaje na causa, considerando que a educação superior pública é um direito e um pilar essencial para o futuro de Rondonópolis e da região sul de Mato Grosso. Diante de um orçamento de R$ 600 milhões, é fundamental que a cidade seja contemplada.

Encerramento de cursos e silenciamento institucional
Cinco dos sete cursos superiores e gratuitos oferecidos atualmente estão previstos para serem encerrados entre 2025 e o primeiro semestre de 2026. Jornalismo, Direito, Engenharia Civil, Pedagogia e Química — áreas fundamentais para o mercado regional e para as necessidades sociais da comunidade — deixarão de funcionar. Além disso, paira incerteza sobre a continuidade dos cursos de Licenciatura em Letras e Ciências da Computação, oriundos de Alto Araguaia, pois até o momento não foi lançado edital de vestibular, e cogita-se a descontinuidade.

Na Assembleia Legislativa, os debates sobre a Lei Orçamentária Anual (LOA) não contemplaram verbas para a criação do campus definitivo da UNEMAT em Rondonópolis. Além disso, requerimentos parlamentares enviados à instituição não obtiveram resposta, o que tem causado estranheza e preocupação entre os setores organizados da sociedade local.

Essa inércia institucional gera apreensão entre estudantes, professores e autoridades municipais, que questionam o impacto da ausência de planejamento no acesso ao ensino superior e na retenção de talentos. Nos últimos anos, Rondonópolis vinha se consolidando como um polo acadêmico regional, atraindo alunos de municípios vizinhos. Os cursos oferecidos desempenhavam um papel estratégico para o desenvolvimento econômico, social e cultural da região.

Atualmente, a Prefeitura mantém o prédio da UNEMAT por meio de um Termo de Cessão de Uso, mas nem a universidade nem o Governo do Estado demonstram planejamento para a implantação do campus definitivo. A manutenção da unidade como um “campus avançado”, sustentado por recursos da prefeitura e por emendas parlamentares, é insustentável e precariza o acesso à educação superior de qualidade.

Além da perda acadêmica, o encerramento dos cursos impacta o mercado de trabalho local e desestimula a economia, que vinha sendo aquecida com a movimentação de mais de R$ 10 milhões anuais no comércio local. Rondonópolis, uma das maiores economias do estado, necessita de mão de obra qualificada para manter seu ritmo de crescimento. Sem opções acessíveis de ensino superior, jovens da região terão que migrar para outras cidades, ampliando o êxodo de estudantes e profissionais qualificados.

Em meio a esse cenário, o debate sobre o papel da UNEMAT em Rondonópolis se intensifica. Lideranças comunitárias, movimentos sociais e grupos estudantis exigem respostas claras e imediatas sobre o futuro da universidade na cidade, bem como alternativas concretas para assegurar a continuidade e expansão do ensino público superior.

“Os cursos não têm continuidade e são mantidos por prefeitura e emendas. O Governo do Estado e a UNEMAT nunca tiveram compromisso com nossa cidade. Rondonópolis é a segunda maior economia do estado, tem quatro deputados estaduais, deputados federais e senador. Se a educação do trabalhador não é prioridade para eles, isso precisa mudar. Não adianta dizer que a UNEMAT está presente com os cursos de Letras e Ciências da Computação. Isso não atende à juventude da cidade”, pontua um estudante que preferiu não se identificar.

A classe política, o Governo do Estado e a UNEMAT devem prestar esclarecimentos urgentes à população sobre o planejamento institucional, uma vez que os cursos estão se encerrando e há quatro anos não são abertas novas turmas em Rondonópolis — a capital estadual do agronegócio.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *