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Center Livros, uma história cultural

Valdson Pereira dos Santos. Foto: Cesar Augusto.

Eu e o amigo fotógrafo e escritor Cesar Augusto visitamos o empresário Valdson Pereira dos Santos, na Center Livros, no dia 26.02.2025, para produzirmos uma entrevista para esta coluna.

Valdson Pereira dos Santos, nasceu em Cuiabá – MT, em 04.06.64. Passou a infância e a adolescência em Cuiabá. Estudou o ensino médio na capital mato-grossense e graduou em Ciências Contáveis em Rondonópolis. Valdson é divorciado e tem uma filha que trabalha em São Paulo – SP.

Quando vai visitar os parentes, retornando ao ambiente da cidade natal, sem querer, começa a usar o linguajar cuiabano, o arrastão das palavras tão singular. Volta à origem de verdade, completando com as coisas boas da família, como o convívio com todos e a culinária tão famosa e apetitosa como banana verde com carne, farofa de banana, Maria Isabel, e muito peixe.

“Tem aquela região ali mais da Várzea Grande também, tem muitos locais de pesca. Então, peixe pra mim é… se tiver, como todo dia”, afirmou Valdson Pereira.

Em 1983 veio servir o Exército Brasileiro aqui em Rondonópolis. Ficou um ano e voltou para Cuiabá. Depois retornou para um estágio e em 1985 foi convocado como oficial temporário. Só que não tinha vaga aqui, e foi para o Forte de Coimbra, no município de Corumbá – MS. Vencido o período voltou para Rondonópolis em 1988.

Como já vinha estudando a possibilidade de montar um negócio, e via as dificuldades para se conseguir livros, resolveu investir na área. Era o ano de 1990 e nasceu a Center Livros, inicialmente a livraria tinha mais literatura que livros para a área de faculdades, como os cursos de Direito e Contabilidade. A empresa era em sociedade, mas um tempo depois o sócio passou num concurso e se desligou da empresa.

O nome Center Livros e a logomarca, usados até a atualidade foram sugeridos pelas esposas dos sócios, que pesquisaram e apresentaram que imediatamente foram aceitos. O endereço da Center Livros é à rua D. Pedro II, nº 900, centro, que está há sete anos no local, mas nasceu na avenida Amazonas, próximo à Praça dos Carreiros, depois mudou para a avenida Marechal Dutra, e em 2001 abriu sua filial no Rondon Plaza Shopping ficando lá até o ano de 2018.

Logo da Center Livros.

Notamos que a livraria tem muitos livros nas exposições e em prateleiras, uma infinidade de romances, contos, crônicas, histórias, enfim de todos os segmentos e um belo espaço infantil. Nosso entrevistado afirma que o livro técnico já foi o carro chefe da empresa, mas hoje não mais. Uma vez que as faculdades locais foram vendidas, deixando de ser particulares, uma do Mohamed Zaher e outra do Galeno Esteves, Cesur e Unir, e vieram as novas empresas com a adoção dos seus próprios livros.

A curiosidade me pegou e perguntei qual o livro mais vendido na atualidade e a resposta foi que o campeão é “Café com Deus Pai”,  de Junior Rostirola, um livro devocional, com estouro de vendas desde o ano passado. A procura por romances, contos, negócios também é boa, e sente que os adolescentes estão começando a voltar a ler novamente. Também, os influenciadores levam as pessoas a procurarem livros sobre aplicações financeiras, desenvolvimento pessoal e empreendedores. A visibilidade deles é muito boa e provoca a procurar por certos livros.

 

Sobre a comparação entre o digital e o impresso, se um vai engolir o outro é a grande incógnita, porém recebemos a informação que essa indagação já vem há muitos anos, e o Valdson até pensou que ia tomar conta, mas afirma que não.

Um fato curioso é sobre o dicionário, que quando começou a sair em CD a procura foi enorme, mas arrefeceu e voltou a sair o livro impresso, no entanto temos uma nova leva de leitores digitais, mais lépidos nas ações virtuais, nos toques nas telas eletrônicas e facilidades em digitar nos pequenos aparelhos e que poderão demandar mais nos equipamentos modernos e tecnológicos. E, o registro de que o dicionário mais vendido na livraria é o “Dicionário Houaiss”.

Caso você queira presentear alguém com um livro, a empresa oferece o “Vale-livro” com código de barras, e quem escolhe a obra é o homenageado, que pode ir na loja e escolher à vontade, se houver diferença entre o preço, faz-se um ajuste na compra.

 

Foto: www.komunhao.com.br

“Agora eu tô começando a ler “Pai Rico Pai Pobre”, do Kiyosaki Robert. Todo mundo me falava dele e não me interessava. Comecei a leitura, é uma coisa bastante interessante, bem mais profunda”, falou o Valdson Santos.

Aproveitamos para perguntar sobre os autores de Rondonópolis, e a resposta foi muito boa, pois tem vendido livros dos nossos autores, quando é procurado e faz parceria de consignação, sendo o mais procurado o escritor Dr. Ailon do Carmo, que nos deixou em 05.11.2022. Há espaço para lançamentos de livros e eventos, entre eles aconteceu o lançamento do livro “ExpressaMENTE”, do médico Dr. Enã Rezende, em 10.02.2020.

Avaliamos que as bibliotecas virtuais são verdadeiras adversárias das livrarias, e desleal, porque a maioria libera os livros com o intuito de vender outros produtos da sua rede de negócios, usando os livros como chamariz.

Não se ver inaugurações de livrarias físicas na atualidade. Em Rondonópolis tivemos uma no Supermercado Big Máster, que acabou não reabrindo após o incêndio que iniciou num curto circuito no estoque da loja em 2015. E, os sebos que oportunizam a aquisição de livros a um preço camarada, bem como a troca de livros.

Que não temos o hábito da leitura é sabido e a média de livros lidos por ano no Brasil caiu para 3,96, a mais baixa da histórica. O preço do livro não ajuda, até porque as tiragens menores encarecem o valor unitário, e não comprando não se produz mais, pois o risco do encalhe é grande.

“Sentimos que este ano começou a ter mais leitores. Não sei se é a questão das pessoas que estão voltando ao livro físico mesmo, estão parando um pouco mais da correria do dia a dia. Notamos os pais trazendo os filhos para ver os livros infantis e juvenis, talvez querendo tirá-los um pouco do celular. Também vimos as escolas provocando leituras. Eu acho que isso aí tá ajudando mais”, ponderou Valdson.

Rondonópolis é uma cidade que vive muito o agronegócio, e também não tem o hábito da leitura. O que precisamos é de políticas de leituras, de escolas comprometidas com o acesso a bibliotecas e livros. Fomentar para formar leitores.

Valdson e Hermélio Silva. Foto: Cesar Augusto.

 

Hermélio Silva – Nasceu em Rondonópolis – MT.

Profissional de Marketing,

editor e escritor com 34 livros publicados.

Membro cofundador da Academia Rondonopolitana de Letras – ARL,

ocupando a cadeira nº 06.

 

 

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