Variedades

Casa do Rio, uma viagem ao sabor e ao Pantanal

Num belo fim de tarde fui conversar com o empresário Eduardo Alberto Mardine Acuña, na Casa do Rio, e quando nos sentamos próximo à entrada ouvimos um som de flauta melodiosa, e o meu anfitrião falou que era um sabiá-laranjeira, e eu fiquei feliz em saber que ele tem a visita no seu quintal da ave-símbolo do Brasil. Alvíssaras!

Eduardo nasceu em Ponta Porã – MS, e chegou a Rondonópolis aos sete anos de idade e nesta sexta-feira, 06.12.2024 faz 57 anos de idade. Deixou a cidade por uns tempos para estudos. É artesão intuitivo, que às vezes produz por hobby.

Teve uma boa infância e morou nas proximidades da Escola Marechal Dutra e depois no bairro Jardim Urupês. Seus pais, senhor Alberto e dona Elenice tinham um restaurante chamado Eduben, na rua Fernando Correia, próximo à antiga rodoviária, que foi o primeiro restaurante com ar-condicionado  Rondonópolis. O nome daquele empreendimento é uma homenagem ao seu único irmão Benjamim Acuña.

A Casa do Rio

A empresa tem 10 anos em funcionamento, era um sonho de empreender e nasceu no Casario, próximo ao rio Vermelho, em sociedade com o jovem Brunno Valente. O lugar os encantou e não pensaram muito para escolher o nome, num lugar com potencial de cultura.

O Casario é carregado de histórias e quando começaram o objetivo era que o lugar seria de ações de cultura, mas ficou muito comercial, com poucos ateliês e sem eventos da arte que atendesse a demanda da cidade e da região.

O convívio do Eduardo com os artistas de todos os segmentos, como escritores, músicos e artistas visuais sempre foi bom, fazendo eventos para valorizar o local e trazer apreciadores da cultura e ter uma boa parceria. Ele criou o projeto “Artes a tarde do que nunca”, promovendo encontros de produtores e promotores de diversos segmentos, como lançamentos de livros, apresentação de jazz ao vivo, exposição e produção de telas, entre tantas outras ações com cunho social e de filantropia.

“Espero que um dia um administrador conheça e reconheça aquela beleza dali. Hoje, empobrecida em ações coletivas, não políticas, mas artísticas, interagindo e promovendo arte”, disse Eduardo Alberto.

Novo local

A Vila Aurora ganhou um bom empreendimento há dois anos. Com o apoio da senhora Gabriele Strobel, a Casa do Rio mudou de lugar, mas Rondonópolis não perdeu esse empreendimento de alimentação, boa convivência e muita arte. Está localizada à rua Armando Fajardo, 693.

“Pelo amor a terra da gente, no nosso cardápio nomeamos os sanduiches, sucos, chás e caldos com o nome dos bichos, plantas e cachoeiras”, informou Eduardo Alberto Mardine Acuña.

Pode acontecer de você ouvir alguém pedir um tuiuiú, com um suco do rio Jurigue. E, a riqueza do nosso Pantanal não para por aí, porque podemos anotar outras aves, como tucano, seriema e soldadinho emprestando seus nomes para identificar os mais diversos sabores. Quanto aos rios é uma verdadeira viagem turística nas regiões, passando pelo Vermelho, São Lourenço, Tadarimana e Itiquira, acrescentando as cachoeiras da Carimã, Campo Limpo e Gavião. Registramos alguns bichos como a sucuri, o tatu canastra e o quati. Bom, a boa lembrança das árvores favorece para aprendermos sobre o ipê e flamboyant, entre outras.

Essa sacada provoca o estudo da região e facilita o acesso num momento de lazer e degustação, com informações preciosas do nosso derredor, mostrando um pouco da nossa cidade, região e estado pantaneiro.

 Além da ave que abre essa matéria, ainda vimos uma arara canindé sobrevoando o local, quando o nosso entrevistado informa que faz dez dias que os filhotes dela nasceram ali num ninho urbano, e alçaram voo.

Como já falamos aqui, a arte é exposta em diversas formas, desde o campo de visão da entrada, passando pela horta e o aconchego do ambiente, até as obras de artes de alguns artistas visuais como Badaró, Tânia Pardo, Marlene Trouva, Yasmim Garcia, Wander Melo e Lu Gomes. Tem uma biblioteca com obras de vários escritores rondonopolitanos, que sugere leituras e até se quiserem levar para degustar em casa, de forma graciosa.

“Recebi duas panelas de ferro antigas, de presente da dona Ana Rúbia Cardoso, mãe do Fábio Cardoso. Trouxe da fazenda dela, estão aqui decorando nossa Casa do Rio”, comentou Eduardo Mardine.

Acontecem lançamentos de livros e outros eventos no local, e já tem agendas para este mês de dezembro. E, está sendo prospectado um bom projeto da sétima arte, que é o “Cena 693”, em homenagem ao número do estabelecimento, que acontecerão às sextas-feiras, num ambiente descontraído para veiculação de filmes fora do roteiro comercial, e obras locais.

 

Tem uma gama boa de clientes antigos, dos moradores e profissionais que trabalham na região, que é um local de muitas residências, mas, também de clínicas, consultórios e escritórios. E, aqueles cativos de bairros distantes que foram conquistados pelos sabores, atendimento e qualidade dos produtos oferecidos. O serviço de delivery foi adotado no período da pandemia e continua muito ativo.

O famoso pão de abóbora cabotiá

Uma exclusividade da Casa do Rio, os sanduíches com pão de abóbora cabotiá tem uma boa procura. O pão é uma receita da jornalista Sol Andrade, que desenvolveu para a empresa. É um misto do grão integral de trigo, com o grão branco, que ela foi testando até chegar ao ponto.

O suco mais procurado é o rio Ponte de Pedra, que tem abacaxi, laranja, limão, couve, hortelã e gengibre. O sócio Brunno é quem desenvolve a maioria das receitas, que são feitas com simplicidade para fazer coisas legais. Informam que a facilidade de comprar frutas congeladas de boa qualidade, como amora, morangos e abacaxi, tem a oportunidade de experimentar as combinações, inclusive com os produtos da horta que fica num espaço especial, inclusive para mostrar às crianças que visitam a Casa do Rio, com identificação de cada hortaliça ali plantada, fazendo com eles uma interação com a natureza, didaticamente, e real.

 

Os próprios empresários são os profissionais da cozinha. As receitas foram testadas até chegar às melhores escolhas e os produtos são preparados com bastante esmero e dedicação, como se fosse um prato único.

Eduardo expõe as dificuldades que os pequenos empresários têm em acessar parcerias com os agentes públicos, como o BNDS que libera grandes somas para grandes empresas, mas as empresas de menor monta não são alcançados. Quanto à cultura, não vê possibilidades de atendimento pela iniciativa pública a curto prazo, com atenção para que o artista viva da arte, que seja uma coisa legal, pois Rondonópolis precisa mudar o estigma de ser um lugar só para ganhar dinheiro, mas deveria ser um lugar melhor para se viver na sua amplitude. E, que a gestão nova traga novos elementos que possam fortalecer a cultura, sem o interesse apenas verbal, mas real. Cidades novas e próximas tem aprovação da comunidade do que é feito lá, envolvendo as escolas, as pessoas e as comunidades.

“É uma cidade que vai continuar crescendo. Que não se torne uma grande cidade com caos no trânsito, sem infraestrutura em alguns bairros, sem condições das pessoas viverem. Queremos um ambiente saudável, sobretudo para as pessoas que tem menos, que são muitas. Que seja uma cidade melhor para todo mundo”, finalizou Eduardo.

 

Hermélio Silva – Nasceu em Rondonópolis – MT.

Profissional de Marketing,

editor e escritor com 34 livros publicados.

Membro cofundador da Academia Rondonopolitana de Letras – ARL,

ocupando a cadeira nº 06.

 

 

 

One thought on “Casa do Rio, uma viagem ao sabor e ao Pantanal

  • Sueli Pires

    Realmente ACasaRios é maravilhosa com seus sanduíches saudáveis de Biomassa e pão de abóbora. Local aconchegante e tranquilo. Brunno e Eduardo pessoas encantadoras

    Resposta

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