carro popular pode estar mais perto do que nunca de voltar. Porém, se antes os modelos que fizeram sucesso nos anos 1990, como o Chevrolet Celta e o Volkswagen Gol, ficavam em torno de R$ 15 mil, essa realidade é distante atualmente.

Hoje, o modelo mais barato no Brasil tem um preço inicial de quase R$ 70 mil, longe do que consideramos acessível.

 

Antes e agora

  • O Chevrolet Celta, por exemplo, foi um dos últimos modelos a ser lançado com a proposta de ser um carro popular.
  • Ele, inclusive, chegou com poucos equipamentos e itens de segurança, uma cabine simples e um motor igualmente singelo.
  • Quando foi lançado, em 2000, o carro custava R$ 13.390 (ou seja, menos de um quinto do mais barato de hoje).
  • Com a correção da inflação, o Celta de 2023 sairia por R$ 59.213,80.
  • Isso ainda é cerca de R$ 10 mil mais barato do que os modelos com menor valor atualmente: o Renault Kwid e o Fiat Mobi.
Renault Kwid Zen
Hoje, o Renault Kwid tem um preço de entrada de R$ 68.990 (Imagem: Divulgação/Renault)

Novas exigências

Os primeiros Chevrolet Celtas vinham com pouquíssimos recursos de segurança. Apesar de serem considerados modernos para a época e contarem com equipamentos de ventilação, porta-objetos sem tampa e display digital do nível de combustível, os carros não tinham airbags, conta-giros, rádios, lanterna no painel ou vidros elétricos.

As versões atuais compatíveis com o Celta, o Kwid e o Mobi, por outro lado, tem um pacote de recursos que oferece muito mais tecnologia e segurança, apesar de ainda serem considerados enxutos em relação a outros modelos.

Ambos contam com ar-condicionado, rádio, bluetooth, entrada USB, quatro airbags, controle de estabilidade e tração e outros equipamentos que o Celta sequer sonhava. Ou seja, o reajuste do preço vai além da simples conversão de valores.

Motor

Os motores do Kwid e do Mobi, porém, não se diferenciam tanto do Chevrolet Celta. Ambos têm um motor 1.0, justamente inspirado nos carros de entrada e que conferem maior eficiência.

Chevrolet Celta
Em 2011, era possível comprar um Celta, à época um dos dez carros mais vendidos no Brasil, com menos de R$ 25 mil (Leonardo Juliano/Shutterstock)

Outros modelos populares

Nem o Fusca Itamar, um dos carros mais acessíveis dos anos 1990, seria “barato”.

Com a correção do valor e seguindo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e o Índice Geral de Preços — Mercado (IGP-M), o veículo sairia por R$ 80 mil.

Por que isso acontece?

  • Se o valor dos modelos da época corrigido para 2023 corresponde ao preço de um carro de entrada no Brasil, por que não é isso que acontece?
  • Um dos motivos é a perda do poder de compra do brasileiro.
  • Segundo um estudo da consultoria automotiva Jato Dynamics do início deste ano, um trabalhador que recebe um salário mínimo (hoje, R$ 1.320) precisaria economizar o valor completo durante 53 meses para comprar o carro mais barato hoje (o Renaul Kwid ou o Fiat Mobi, de R$ 68.990).
  • Em 2018, esse mesmo trabalhador precisaria juntar o salário de 28 meses para comprar o mais barato, na época, um Chery QQ (R$ 26.690).