Autos e Motores

A história por trás do sucesso dos Restauradores de Rust Valley do Netflix

Um dos programas de carro mais excêntricos do mundo, Restauradores de Rust Valley hoje passa em 190 países na plataforma do Netflix

Mike Hall, de 62 anos, não gosta de tomar banho, anda cheio de ferrugem e lama nas mãos o dia todo, as vezes fica com preguiça de ir para casa e dorme em sua picape por uns três dias e ama tanto os carros de seu ferro-velho que não consegue vendê-los. Este perfil claramente desleixado esconde, na verdade, a maior virtude e o maior defeito do dono da agora famosa Rust Bross. Seu grande coração octanado.

O canadense Mike foi descoberto no reality show Highway Thru Hell, conhecido no Brasil como Estradas Mortais. O programa mostra acidentes perigosos nas estradas, como deslizamentos de pedras. Especializado em demolição de rochas, o Rasta Blasta, como Mike é chamado no programa, escalava montanhas e dinamitava pedras que estavam por cair. E, assim, liberar a estrada.

Sua personalidade bastante peculiar fez Matt Shewchuk, produtor da Mayhem Entertainment, ir fazer uma entrevista na casa de Mike para o último episódio do reality. Ao chegar, se deparou com uma propriedade de 20.234 metros quadrados que abrigava nada menos que 340 carros antigos para serem recuperados. Ou apenas para retiradas de peças.

A casa de Mike fica incrustada nas montanhas de Tappen, na Colúmbia Britânica do Canadá. O local é conhecido como Rust Valley (ou Vale da Ferrugem). E concentra vários ferros-velho, colecionadores de antigos e muitas oficinas. Todo o ambiente era o cenário perfeito na cabeça de Shewchuk para a criação de um novo reality. Batizado por ele com o nome do local: Rust Valley Restorers (Restauradores do Vale da Ferrugem).

O programa começou a ser filmado sem muita pretensão. Com uma estrutura de seriado que restaura os carros e os vende em segunda. Formato mais do que consagrado no mundo e que tem vários similares no mercado. Mas o produtor não contava com o que veria logo no início das filmagens.

O mecânico chamado para ajudar Mike e seu filho Conner (que em nada lembra o pai), Avery Shoaf, é tão ou mais fora da caixinha do que o próprio Mike. Eles criam em cena uma espécie de o Gordo e o Magro com ferrugem e graxa que transformam a série em um vício para quem gosta de automóveis.

Fora isso, há uma outra peculiaridade. Mike detesta vender os carros, faz de tudo para os compradores desistirem e em quase todos os projetos perde dinheiro para deixar os clientes que ele escolhe felizes quando levam os carros. Seu amor pelos carros vem muito antes do que pelos lucros. O que não faz o menor sentido no mundo dos negócios.

A cada episódio há uma briga nova da equipe por causa dos carros e do dinheiro que eles deixam de ganhar. Mas elas sempre acabam com um abraço e cerveja. Sempre mesmo. “Filmar um reality show não torna a loja mais produtiva. Leva trinta por cento mais tempo e eu que pago a diferença. Mas gosto de realizar os sonhos das pessoas”.

Toda a excentricidade do programa fez ele saltar de uma audiência já relativamente boa no History Channel para um sucesso do Netflix em 190 países. O que certamente deve estar ajudando Mike a colocar as contas um pouco em ordem.

No fim da segunda temporada, Avery aparece divagando que chegou a hora de criar sua própria oficina. Seria uma separação que provavelmente causaria o fim do programa. Uma pena para quem se apaixonou por estes dois malucos beleza

Jornal do carro.

 

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