Opinião

A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu. E agora, Bolsonaro?

O velório em Copacabana do morto-vivo

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Dir-se-á (e alguns já disseram) que o ato promovido por Bolsonaro em Copacabana fracassou porque foi mal concebido desde o início. Deu praia no Rio, e quando dá, os cariocas não querem outra coisa. Em parte, pode ser verdade, mas só em parte.

Afinal, em setembro de 2022, Bolsonaro reuniu 64,6 mil pessoas em Copacabana. Em abril do ano passado, 32,7 mil, e ontem, apenas 18,3 mil, segundo o grupo de pesquisa “Monitor do debate político” do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento.

A Polícia Militar do bolsonarista governador do Rio, Cláudio Castro (PL), contou 400 mil pessoas, o equivalente à população da cidade de Santos, em São Paulo. E o instituto Datafolha, 30 mil. Para quem, como Bolsonaro, esperava atrair pelo menos 500 mil…

A catedral do bolsonarismo fica em São Paulo, na Avenida Paulista. Foi ali, em fevereiro do ano passado, que ele juntou 185 mil pessoas, seu maior público. No comício seguinte, em setembro do mesmo ano, o número caiu para 45,7 mil.

Dir-se-á também (e os bolsonaristas já começaram a dizer) que o ato de Copacabana malogrou dado ao tema sobre o qual se deveria falar – a anistia para os golpistas do 8/1 de 2023. Bolsonaro não se diz golpista. Mas quer se beneficiar da anistia se ela for aprovada.

Não haverá anistia. Um único partido a defende: o PL de Bolsonaro. Nem o Republicano, do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, cobra uma anistia. E, no entanto, Tarcísio, em Copacabana, exaltou Bolsonaro e criticou o governo Lula.

Tarcísio deve a Bolsonaro o governo paulista. Tarcísio quer o apoio de Bolsonaro para se candidatar à sucessão de Lula. Mas Tarcísio tem um problema: a lei o obriga a renunciar ao mandato para que possa concorrer, e o prazo para isso acaba em abril de 2026.

Como renunciar ao mandato de governador e a uma reeleição garantida se Bolsonaro não disser em tempo hábil que o apoiará? Bolsonaro insiste em dizer que será candidato mesmo que preso. E ameaça apoiar um dos seus parentes se for impedido de ser.

Será impedido. Quanto a Tarcísio, o equilibrista de ovos… De ovos, não, porque eles estão pela hora da morte. Tarcísio que tenta se equilibrar numa corda bamba para não perder apoio de nenhum dos lados – nem da extrema-direita nem da direita dita civilizada…

Tarcísio é refém de Bolsonaro e assim será.

é jornalista

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