Opinião

A Coorepórter abrigou o melhor do jornalismo mato-grossense dos anos 80

No ano de 1980, a ditadura militar estava em pleno vigor, a liberdade de expressão não era mais um direito fazia muito tempo que havia sido abolida.

Foi neste ano que surgiu em Cuiabá a Coorepórter, uma cooperativa de jornalistas, ilustradores e técnicos gráficos, que se reuniram para combater a proibição e o cerceamento imposto pelo regime, a revolta, ou a simples vontade de lutar por aquilo que acreditavam,eles defendiam  uma imprensa livre e sem mordaça.

Em meio a esta efervescência política, social e cultural, este grupo surgiu para contrapor ao coronelismo que se impunha, que tentava de toda forma calar o livre pensamento, mostrando e impondo o lado mais cruel do regime.

Em um velho casarão da Rua 13 de Junho no centro de Cuiabá nasceu o reduto dos rebeldes, que não só combateram o sistema, como se colocaram na vanguarda da produção cultural e artística.

A Coorepórter chegou a editar o jornal “Escaldado”, que tinha uma linha editorial combativa e por esse motivo foi alvo de um atentado, por fazer denúncias de grilagem de terras em Mato Grosso e contra a Ditadura Militar que estava em pleno curso, denunciava os figurões da política do estado, por tentarem a todo custo calar estes homens que carregavam e defendiam ideais livres de toda opressão.

Desde sua fundação a Coorepórter defendeu as causas indígenas, os movimentos sociais e os direitos humanos. Em suma era uma confraria de esquerda que editava um jornal de esquerda e isso dava calafrios no povo da direita.

 

“A Coorepórter agregava profissionais que por aqui chegavam em busca de trabalho, se tornou referência para os profissionais do jornalismo de todo o país.

Editou o jornal Escaldado e também produziu um filme que nunca chegou a ser apresentado ao público. O escaldado circulava mensalmente, mas depois que sua sede foi metralhada por “jagunços” a mando de grileiros, que ameaçava o seu editor constantemente, e a falta de recursos obrigou o “Escaldado” deixar de circular já na sua quarta edição.

Certa vez, José Calisto, estava em um bar famoso da capital, quando foi abordado por um pistoleiro, que colocou sobre a mesa uma pistola 380 e disse “ela está preparada para você e sua turma”, virou as costas e foi embor

 

Muitos nomes do jornalismo da época estiveram presentes e participaram da cooperativa: José Calixto Alencar, (Zelito), Nelson Severino, Janete Carvalho, Adeildo Lucena e Marcos Vila, em Rondonópolis atuava o jornalista José Carlos Garcia, entre outros.

A Cooperativa deixou sua marca neste tempo áureo do jornalismo mato-grossense

José carlos Garcia é jornalista em Mato Grosso

desde 1975. Formado na universidade da vida e da lida.

José Carlos Garcia/da editoria

Fotos: arquivo

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