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“Nenhum policial sai de casa pra matar”, diz Mendes após MP expor execuções disfarçadas de confrontos

O chefe da corporação ainda culpa as facções criminosas pelo crescimento das mortes registradas e diz que falta leis efetivas

“Nenhum policial sai de casa pra matar”. Esse é o posicionamento do comandante da Polícia Militar, coronel Alexandre Mendes com relação a denúncia oferecida pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) contra 17 policiais militares e um segurança particular por execuções disfarçadas de confrontos. O chefe da corporação ainda culpa as facções criminosas pelo crescimento das mortes registradas e diz que falta leis efetivas.

“É absurda qualquer generalização que responsabiliza a polícia militar por mortes. Quando o evento morte ocorre numa ocorrência não há que se falar em homicídio doloso ou assassinato, principalmente, porque, em regra, nenhum policial militar sai de casa para matar”, escreveu nesta sexta-feira (28).

Em 2023, mais de um a cada três homicídios ocorridos em Cuiabá e Várzea Grande, foram cometidos por policiais militares. Os dados foram expostos na denúncia do MP contra os alvos da Operação Simulacrum.

O documento revela uma escalada crescente no número de homicídios cometidos por policiais militares em Cuiabá e Várzea Grande. Segundo a tabela, 1,31% dos homicídios ocorreram em confrontos com os fardados em 2015. Valor este que saltou para  34,03%, em 2023. 

Diante do aumento estarrecedor trazidos pelo MP, Mendes defende que a culpa é das facções criminosas, bem como  é necessário compreender outros pontos. 

“Entender esse crescimento de mortes deve passar pela compreensão do aumento do poderio bélico das facções. Entender esse crescimento deve passar pela impunidade, pelo congestionamento do judiciário, pela morosidade do sistema em si, sobretudo, pela falta de leis efetivas”, disse.

Além do número de morte, os cinco promotores revelaram o esquema dos alvos da operação para atrair assaltantes com intuito de executá-los. O documento descreve ainda que uma série de posturas de superiores para ocultar provas, alterações das cenas de crime e recusa, até mesmo dos comandantes gerais, antes coronel Jonildo José de Assis, e atualmente o coronel Alexandre Mendes, em prestar informações relevantes ao devido esclarecimento dos fatos.

Veja abaixo nota na íntegra: 

A polícia de verdade: defensora da vida

É absurda qualquer generalização que responsabiliza a polícia militar por mortes. Quando o evento morte ocorre numa ocorrência não há que se falar em homicídio doloso ou assassinato, principalmente, porque, em regra, nenhum policial militar sai de casa para matar. Esse é o pressuposto que vale para o policial e para todo servidor público, que, não existe para agir contra a lei. Por isso, só posso colocar na conta do erro crasso o enunciado que leio na imprensa dando conta de uma “polícia que mata” em Mato Grosso, responsabilizando-a por um crescimento assombroso de mortes, diz-se mais de 800%.

Digo a tropa da PMMT de forma direta: vocês têm a minha confiança e a confiança da sociedade mato-grossense, que não se deixa levar por jargões enviesados e sabe perfeitamente separar a realidade da ideologia. Que sabe que as facções não têm por costume nos receber com flores. À você policial militar que me lê, saiba que não é a palavra de profetas do medo que irá transformar a verdade em mentira. A mentira que a polícia mata. A verdade que a polícia defende e promove a vida.

Entender esse crescimento de mortes deve passar pela compreensão do aumento do poderio bélico das facções. Entender esse crescimento deve passar pela impunidade, pelo congestionamento do judiciário, pela morosidade do sistema em si, sobretudo, pela falta de leis efetivas. Responsabilizar a polícia é distrair das verdades inconvenientes que precisam ser, estas sim, acusadas por quem devem promover a verdade. Responsabilizar esse ou aquele antes da sentença final é tomar para si o papel de acusador e juiz.

Reconhecemos o papel vital do Ministério Público como fiscal da lei bem como a humanidade de quem pode errar ou se exceder na função, mas nem por isso, merece menos do que a Constituição lhe outorga em matéria de ampla defesa. Sabemos, sem sombra de dúvida, que uma postura de grupo não se confunde com a séria instituição MP,  nem haverá de dificultar o diálogo institucional.

É infeliz, portanto, toda fala que se refere à polícia como responsável pelo aumento dessas mortes. Sobretudo por que cada uma delas não foi individualizada num processo tampouco pode ser descrita através de perícias absolutamente conclusivas de antemão, antes de darem aos supostos autores o direito da ampla defesa. Defesa essa que é social e ética, vinda da população que conhece nossa luta, antes de ser constitucional pela presunção de inocência.

Ações como essa podem até intimidar. Podem até enfraquecer nossa moral. Pois, digo e afirmo à nossa tropa: firmados na legalidade estamos juntos apesar de qualquer tentativa de intimidação. Não sou filho de pai assustado. Não somos. Quem anda na legalidade, a maioria absoluta da tropa, tem o meu respaldo. Sigamos em frente, a despeito, dos profetas do caos. 

Leiagora

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