Opinião

As galinhas da extrema direita

Baixo clero. Inexpressivo. Gayer ganha espaço. Tem palco o maluco

Por Mirian Guaraciaba

Dá engulhos ouvir o discurso de Gustavo Gayer, deputado federal por Goiás (PL). Desprovido de caráter, inteligência, senso de ridículo, comparou nordestinos a galinhas depenadas que correm atrás de migalhas (bolsa família). O cretino falou para uma plateia de baianos. Na Bahia.

Pateta. Pacóvio. Imbecil. Parvo. Lorpa. Otario. Tudo isso e não é inofensivo. De tanto repetir besteiras e inverdades vai ganhando terreno. Tentou disputar a prefeitura de Goiânia, em 2020, sem apresentar a certidão criminal negativa. Não por acaso. O sujeito matou duas pessoas e deixou uma terceira paraplégica num acidente de trânsito. Estava bêbado, dizem. Ele nega. Não foi o primeiro, nem o último episódio policial envolvendo o deputado e sua família.

Gayer é figura execrável. Se diz conservador, defensor da família, bolsonarista nato. Mentiroso. Capaz de inventar história bizarra sobre Josef Stálin depenando uma galinha para embuçar sua falsidade. Numa reação quase isolada, o governador da Bahia tuitou: “Fala preconceituosa e leviana que alimenta o discurso de ódio”. Teoria canalha de Gayer, desprezível.

Baixo clero. Inexpressivo. Gayer ganha espaço. Tem palco o maluco. O discurso desse energúmeno não é isolado. Nem aqui, nem lá fora. Nesse fim-de-semana, direita e ultradireita avançaram sobre a União Europeia. Durante décadas, tinham participação marginal nas decisões políticas do bloco. Isso vai mudar.

As consequências imediatas virão na lentidão da tomada de decisões sobre imigração, segurança e mudanças climáticas. Discussões sempre acirradas, embora morosas, resoluções contra o meio-ambiente, a favor do agro.

Ainda não será o fim do mundo. O centro manteve a maioria. Há iniciativas de países como França e Alemanha para minimizar a vitória de parcela da direita. Foram 320 milhões de eleitores, de 27 países da União Europeia. Das 720 vagas, 130 conquistadas pela extrema direita.

Nos EUA, a ameaça de eleição de Trump. Na América do Sul, oito dos 12 países são governados pela esquerda. Não é o fim do. Mundo. Ainda.

 

Mirian Guaraciaba é jornalista

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