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Trabalhadores sem-terra, defensora pública e agentes da pastoral da terra são presos em Novo Mundo

Cerca de 12 trabalhadores sem-terra, a defensora pública Gabriela Beck e agentes da Comissão da Pastoral da Terra (CPT) foram detidos no início da tarde de hoje pela Patrulha Rural da Polícia Militar de Mato Grosso. Entre os detidos estão a coordenadora da CPT MT, Kamila Picalho, o agente Padre Luiz Cláudio de São Felix do Araguaia e o agente Valdir Seze. As detenções ocorreram sem ordem judicial e parecem ser uma resposta à ocupação realizada nesta madrugada em parte da Fazenda Cinco Estrelas, propriedade da União.

Após a ocupação, as famílias sem-terra relataram ter sofrido violências por parte de jagunços do grileiro da área, que tentaram expulsá-las utilizando um trator. No início da tarde, a Patrulha Rural deteve os trabalhadores, a defensora e os agentes pastorais que estavam no local para assegurar a integridade das famílias e mediar o conflito, dada a situação de extrema violência.

Relatos indicam que a atuação policial foi marcada por abusos. Mulheres foram revistadas por policiais homens, houve agressões físicas, incluindo socos e pontapés, e os celulares dos detidos foram apreendidos. Após a tentativa frustrada de diálogo por parte das famílias e dos agentes, os policiais anunciaram a prisão e encaminharam todos para o batalhão da Polícia Militar de Novo Mundo.

A CPT lamentou profundamente o ocorrido, destacando que o sonho de conquista da terra é um direito constitucional e sagrado, especialmente quando se trata de uma terra da União, e, portanto, do povo. A organização criticou a transformação do sofrimento das famílias acampadas em um “caso de polícia”, quando deveria ser entendido como uma dívida histórica do Estado brasileiro.

O episódio levanta sérias questões sobre o tratamento dado aos trabalhadores sem-terra e seus defensores, e a resposta do Estado a conflitos agrários. A situação em Novo Mundo agora aguarda desdobramentos, enquanto a comunidade e os apoiadores dos sem-terra clamam por justiça e respeito aos direitos humanos.

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