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Comandante da PM repreende ação e diz que desfile da Vai-Vai é uma inversão de valores

Além do coronel Mendes, outras autoridades policiais que estavam presentes na divulgação do balanço da Operação Carnaval 2024, criticaram a manifestação

O desfile da escola de samba paulistana Vai-Vai repercutiu de forma negativa entre as autoridades policiais mato-grossenses. O comandante-geral da PMMT, coronel Alexandre Mendes, classificou a manifestação cultural como uma “inversão de valores”.

“É claro que a gente fica muito triste, a partir do momento em que você tem policiais que saem da sua casa para garantir a segurança inclusive deles, foliões, e ao perceber que no desfile tem uma ala toda vestida de policiais e colocando o diabo representando eles”, lamentou.

A declaração foi dada à imprensa na manhã desta quarta-feira (14), após jornalistas questionarem a opinião do chefe da PM em relação a grande comoção que o desfile causou.

No último sábado (10), a escola de samba chamou a atenção no sambódromo do Anhembi, retratar, em uma de suas alas, a tropa de choque da Polícia Militar com traços demoníacos.

“Ninguém poderia em sã consciência aceitar uma manifestação cultural dessa maneira, e com dinheiro público. O que nós estamos passando para nossas crianças e nossos jovens é uma inversão de valores muito grande. Deveríamos valorizar quem trabalha e coloca sua própria vida em risco e de terceiros, mas não uma escola de samba que coloca essas pessoas como demônios, isso não posso aceitar”, concluiu.

Além do coronel Mendes, outras autoridades policiais que estavam presentes na divulgação do balanço da Operação Carnaval 2024, criticaram a ação.

O comandante do batalhão de Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam), tenente coronel Gibson Almeida da Costa Júnior, disse que esse tipo de ação faz pessoas acreditarem o crime ainda compensa no Brasil.

“Com certeza eu avalio como uma atitude lamentável por parte dessa escola que praticou essa cena lamentável. Com certeza [confrontos e abordagens] isso influencia e motiva que pessoas aí acreditem que o crime ainda compensa, então a Polícia Militar vai estar sempre atenta e o Batalhão Rotam também para que a gente possa estar prevenindo e reprimindo as ações criminosas aqui no nosso Estado”, enfatizou.

Já o comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), acredita que a manifestação está ligada a uma guerra informacional, que é um conceito envolvendo o uso e gerenciamento de informações e tecnologias da informação e comunicação em busca de uma vantagem competitiva sobre um adversário.

“A polícia no campo tático e físico vence as batalhas, mas hoje o crime organizado tem buscado justamente essa guerra informacional, fazendo com que a população comece a colocar em xeque as ações policiais. E  por isso a polícia, a sociedade, a imprensa tem que ajudar para justamente mudar esse conceito que é formado essa narrativa que eles formam por exemplo através de desfiles de escola de samba. Eu vi imagens e essa demonização da polícia é uma busca de construir uma narrativa […]. Então, eu não acho isso correto “, declarou.

Entenda o caso

A escola homenageou  o Hip Hop prestando homenagem ao álbum “Sobrevivendo no Inferno”, dos Racionais MC’s, um dos mais marcantes do gênero. Lançado em 1997, o disco retratava a onda de brutalidade policial pela qual passava São Paulo na década de 1990.

Em uma das alas, com o mesmo nome do álbum, os passistas caracterizados com chifres e asas, retratando a tropa de choque com traços demoníacos.

Após o desfile, o Sindicato dos Delegados de Polícia de São Paulo (Sindpesp) divulgou uma nota de repúdio e afirmou que a escola de samba “tratou com escárnio a figura de agentes da lei”.

Leiagora

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