Política

“Nunca aos domingos”?

Essa abominável intentona golpista teve minuta, operações da PRF, fuga para os EUA e muitas conversas palacianas

Por Chico Alencar

O inelegível prestou seu 4º depoimento à Polícia Federal. Falou sobre a trama com o senador bravateiro Marcos do Val (Podemos-ES) para grampear o ministro Alexandre de Moraes. Nas ocasiões anteriores, foi interrogado sobre as joias sauditas, os atos golpistas e a fraude nos cartões de vacina.

“Ninguém dá golpe aos domingos, nenhuma autoridade está lá”, afirmou. Será? Domingo pode, sim, ser o dia ideal para uma intentona golpista, na etapa de ocupação de prédios públicos: segurança desmobilizada, vigias bocejantes.

Como sempre, diz que não sabia de nada. Mas o plano, urdido no antigo regime e fermentado nos acampamentos em frente aos quartéis era óbvio: a ocupação e depredação dos prédios dos poderes, em 8 de janeiro, provocaria um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

Cenário ideal para golpe ao estilo dos tempos atuais: Lula e seus ministros de mãos atadas, tutelados por um general dando ordens a torto e à direita e a cúpula das Forças Armadas empoderadíssima, com aval do “povo” acampado. É assim que as democracias morrem.

Essa abominável intentona golpista teve minuta, operações da PRF, fuga para os EUA e muitas conversas palacianas sobre como negar o resultado das urnas. Tantas evidências explicam o silêncio infame e covarde do tenente-coronel Mauro Cid, o ex “faz tudo” do ex.

O inelegível repete como um mantra que “nunca saiu das quatro linhas da Constituição”. As quatro linhas (de uma Constituição que tem milhares delas) a que se refere devem ser as do artigo 142 – aquele que dispõe sobre o papel das Forças Armadas na “garantia da lei e da ordem”, sempre invocado pelos golpistas de plantão.
Golpista na cadeia!

*Chico Alencar é escritor, professor de História e deputado federal pelo PSOL-RJ

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