Opinião

Bolsonaro: dos braços do povo para a lixeira da história

Em pouco mais de um século o planeta assistiu ao desfile de pelo menos duas ou três dezenas de líderes populistas, que fizeram da ditadura e violência os pilares dos seus governos.

De Mao a Pol Pot, de Lenin a Stalin, de Castro a Chávez apenas para ficarmos no campo do “comuno socialismo”, ou de Hitler a Mussolini, de Perón a Pinochet, de Franco a Salazar já caminhando à extrema direita, mas tampouco deixando de passear pelos nossos próprios ditadores: Vargas, Costa e Silva, Médici e companhia, rios de sangue correram falsamente em nome do povo e da pátria.

É assustador passar os olhos no mapa-múndi e contar, em mais de uma mão, em pleno século XXI, o número de proto facínoras governando ou caminhando, a passos largos, rumo à autocracias tiranas: Viktor Órban, Vladimir Putin, Xi Jinping, Nicolás Maduro e, sim, por que não?, Jair Messias Bolsonaro. Não fossem os Estados Unidos o que são, em termos de obediência cega à Constituição e aos princípios formulados pelos Pais Fundadores, incluiria facilmente o bufão Donald Trump nessa lista infame.

Há quase uma certeza em relação à morte da democracia nos dias atuais: não serão os canhões, ou na versão tupiniquim-bananinha “um soldado e um cabo”, que darão fim às liberdades individuais e ao Estado de Direito, mas um conjunto diário, metódico, sistemático de ataques às instituições democráticas, por grupelhos fascistóides, financiados por bocós extremistas, guiados por gurus terraplanistas, que fazem da autoridade eleita seus títeres de estimação.

Nesta quinta-feira (11), Bolsonaro conclamou seus seguidores a invadirem hospitais de campanha. Ontem, dia 12, um general líder de governo, em entrevista, ameaçou os opositores: “É bom não esticar a corda”.

A história não tem sido nada pródiga com essa gente. Os que estão vivos e seguros contam com a “força” de aluguel ao seu dispor, e resta descobrir por quanto tempo ainda. Mas é certo que um dia, em breve ou não, serão abandonados pelos braços do povo servil e encontrarão o único e merecido destino que lhes cabe: a lixeira da história.

Ricardo Kertzman é blogueiro e colunista da ISTO É,nasceu em Brasília, em abril de 1967. É blogueiro do Portal UAI, colunista do jornal Estado de Minas e da revista IstoÉ, e apresentador do programa Conversa Sem Medo. Escreve sobre política e outros assuntos de interesse geral.

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