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Ano de 2022 foi marcado pelo ‘novo normal’ e pela baixa procura da vacinação contra covid-19.

O Leiagora conversou com a Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso e com um infectologista para entender o porquê dessa baixa procura e quais os riscos que a população corre.

 
Ano de 2022 foi marcado pelo ‘novo normal’ e pela baixa procura da vacinação contra covid-19

O ano de 2022 foi um ano de muitos acontecimentos importantes não só para o Brasil, mas para o mundo. Fatos como as eleições, a Copa do Mundo e as manifestações populares evidenciaram que o brasileiro está se adaptando de maneira gradual ao chamado “novo normal”.


Após dois anos marcados pela dura pandemia da covid-19, que infectou milhares de pessoas e outras milhares perderam a vida, a vacina contra o vírus serviu como um libertador para a população. Acontece que, mesmo que o imunizante esteja disponível há mais de um ano nas unidades de saúde, a população mato-grossense vem esquecendo de tomar as doses de reforço, ou até mesmo de vacinar os filhos.
 
Esse relaxamento com a preocupação da vacinação trouxe uma dura realidade ao estado, o aumento comprovado dos casos de contágio da covid. Desde junho, a Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES) alerta a população para os riscos de não se vacinar.

No final de junho, a SES publicou em sua página oficial que a taxa de pacientes internados por covid-19 nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do estado que não havia completado o esquema vacinal passava de 97%. Naquela época, dos 106 pacientes internadas por complicações da doença, 103 não haviam tomado todas as doses da vacina.
 
Desde então, diversos municípios do estado intensificaram as campanhas para aumentar a vacinação. Em novembro, a Prefeitura de Cuiabá passou a disponibilizar a quarta dose da vacina para o público de 30 anos ou mais. Mesmo assim, o alerta para o aumento do contágio na Capital aumentou.
 
No último dia 13 de dezembro, a SES notificou os 141 municípios de Mato Grosso quanto ao aumento dos casos de contágio da doença e ao atual cenário epidemiológico. O documento solicitou às gestões municipais informações sobre as providências adotadas para reduzir a transmissão do vírus em cada município.

De acordo com informações da pasta, atualmente o Estado registra uma baixa cobertura vacinal de públicos elencados para a imunização e uma alta taxa de ocupação das UTIs destinadas ao tratamento da doença pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
 
Em números, de acordo com a última atualização do Painel de Distribuição de Vacinas em Mato Grosso, até o dia 26 de dezembro, foram aplicadas em 1ª dose 2.824.486 imunizantes; em 2ª dose 2.531.548. Na 1ª dose de reforço foram aplicadas 1.237.291. Este número cai de forma considerável na 2ª dose de reforço, que soma 339.286 e cai de vez na 4ª dose de reforço com 9.871.
 
Leiagora entrou em contato com a Secretaria de Estado de Saúde que confirmou que há uma baixa procura na vacinação e que o público que ainda não teve uma adesão expressiva foram as crianças de 6 meses a 11 anos. A pasta afirma que tem doses suficientes para aplicação do imunizante e que investe em campanhas voltadas à conscientização da importância da imunização.
 
“O governo de Mato Grosso, por meio da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT), investe em campanha publicitária voltada à conscientização sobre a imunização. São diversas peças com objetivo de incentivar a aplicação de todos os imunizantes previstos no Calendário Nacional, inclusive a vacina contra a covid-19. O Governo também passou a premiar os municípios com melhores performances de cobertura vacinal, para que intensificassem suas buscas ativas e adotassem novas estratégias para chegar ao público contemplado. O Estado também disponibiliza 2 unidades móveis para atender os municípios em regiões de difícil acesso”, diz trecho da nota.
 
Para entender melhor o que causa essa baixa procura vacinal, principalmente em crianças, o Leiagora conversou com o médico infectologista Luciano Corrêa Ribeiro, que afirmou que existe um vírus muito pior do que o da covid, que é o da fake news.
 
Segundo Luciano, mesmo com todas as provas científicas, ainda existe um terrorismo em relação à vacina. Terrorismo este causado principalmente por teorias da conspiração e desinformação desenfreada.
 
Ainda existem pessoas que acreditam que a vacina causa efeitos colaterais gravíssimos, o que o médico desmente. Sim, há casos de efeitos colaterais, porém eles são raros e pontuais, não tendo nenhuma significância clínica e científica para contraindicar a vacina.
 
Outro ponto que ainda é amplamente discutido de forma errada é a questão de que crianças não se infectam com a covid-19, ou, se forem infectadas, têm sintomas leves. Para Luciano Corrêa, essa discussão já está encerrada, haja vista que já foi comprovado que as crianças podem se infectar com a doença e até mesmo desenvolver um quadro mais grave.
 
“Mesmo as crianças, têm aqueles indivíduos que são imunossuprimidos, diabéticos, pacientes com câncer e tudo mais. O vírus ele não escolhe cor, raça, sexo, dinheiro ou idade, tá todo mundo no mesmo bolo. Isso faz com que qualquer um de nós esteja suscetível a pegar. Uma criança que tem uma doença grave, ela pode evoluir para uma forma grave da doença, isso é fato”, diz o infectologista.
 
Para que não reste dúvidas, o médico ressalta que já está comprovado que a vacina não tem o objetivo de erradicar a doença, mas, sim, de evitar que o paciente evolua para um quadro grave.
 
“A vacina nos dá níveis de anticorpos em níveis suficientes para evitar formas graves da doença. Então, quanto mais nível de anticorpos a população tiver, menor o risco de surgirem novas variantes, pois a população está protegida. Por isso que existe essa recomendação para vacinação de todos os grupos populacionais. Não adianta só vacinar você e deixar seu filho para trás e ele pegar covid, pois ele vai acabar te infectando novamente. A partir do momento que a população tiver nível vacinal alto, você pode observar que a taxa de infecção vai diminuindo progressivamente”, afirma Luciano Corrêa.
 
Até a publicação desta matéria, a SES registrou 856.101 casos confirmados de covid-19 em todo o estado. Atualmente, são 3.658 casos em monitoramento e 15.293 óbitos. Portanto, a melhor forma desse prevenir ainda é a vacinação.
 
Leiagora
Foto: © Myke Sena/M

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