Roteiros

Espanha: Castellfollit de la Roca, uma peróla encravada em um penhasco dos Pirineus

Castellfollit de la Roca é uma das menores cidades da Espanha com uma área inferior a um quilômetro quadrado. Bem medidos são seiscentos e setenta metros quadrados, área de aproximadamente setenta campos de futebol. Mais precisamente a segunda menor de toda comunidade autônoma da Catalunha e sem dúvidas a menor da província de Girona onde está localizada. A população por mais que se conte e reconte não chega ao milhar, são exatamente novecentos e setenta almas que vivem na cidade ou como dizem aqui na Espanha, neste pueblo.

Só esta foto de Castellfollit de la Roca já vale a visita

Mas como tamanho não é documento, viemos conhecer sua beleza ímpar. Somente a questão do porte da cidade já seria uma atração e tanto, mas o que realmente magnetiza os turistas é sua localização. Espremida num penhasco de mais e cinquenta metros de altura e cerca de um quilômetro de comprimento, a cidadezinha nem que quisesse poderia ter ambições de crescimento. Um mísero milímetro para o lado significaria um salto no abismo. Mas o que falta em tamanho, sobra em vistas espetaculares, tanto na parte de cima do penhasco e ainda mais na parte de baixo. A estrada que margeia o rio e é o lugar certo para fotos dignas de capas de revistas de turismo.

Na zona rural também construções de pedra se sucedem

Ainda que contra o sol, dá para ver a imponência do penhasco

Neste vídeo gentilmente cedido por Евгений Гаврилкин podemos ver bem como está espremido o vilarejo no penhasco.

Aliás foram os rios Fluviá e Toronell que durante milhares de anos, pouco a pouco com sua ação erosiva, criaram este penhasco.

Os primeiros documentos sobre a cidade datam do século XI, ano de 1096. Só este fato já basta para dizer que é uma cidade medieval e com certeza ainda existem muitas casas desta época. Partindo da Torre do Relógio siga na carrer nou e depois na carrer de l´Eglesia em direção a Igreja de São Salvador. No trajeto de poucos metros vai encontrar dezenas casas de pedras, algumas habitadas, outras abandonadas há anos, mas todas que já testemunharam centenas e centenas de verões. Ruas estreitas muito parecidas com as cidadezinhas da Toscana na Itália. Aliás este pueblo se parece muito com Colle di Val d´Elsa, outro vilarejo charmoso encravado num penhasco, mas este na Toscana.

Falando em Torre do Relógio nasceu de uma promessa de um candidato nos anos 20, que uma vez eleito cumpriu a mesma e em 1925 ela já estava de pé tal qual o Big Ben de Londres em versão miniatura. Com certeza já não se fazem mais políticos como os dos anos 20.Torre do relógio, promessa cumpridaAlém do Big Ben catalão, outras atrações da cidade são a Igreja de Sant Salvador que hoje é uma sala de exposições e que do alto de seu campanário se pode ter uma vista privilegiada da cidade e do vale. O mirador Josep Pla logo atrás da igreja também é outra atração imperdível. Um visual de cair o queixo tanto do vale quanto das casas penduradas no penhasco. Se tiver tempo visite a Poch’s Microcerveceria para degustar o sabor de uma cerveja dos Pirineus.

Igreja de Sant Salvador vista do mirador Josep Pla

A outra face da igreja

Casas penduradas no penhasco

Vista do mirador Josep Pla

Ponte nova sobre o rio Turonell

Na parte de baixo da cidade não deixe de ver a passarela sobre o rio Turonell e a via romana. Mas o que mais gostei foi caminhar pelas vielas estreitas e dos “causos” da cidade.

Apertadas vielas do pueblo

Ao fundo a bandeira do “Sim” a independência da Catalunha

Passarela sobre o rio Turonell

vista de outro ângulo

O primeiro “causo” é o da construção da Torre do relógio citado acima. A ponte quebrada também faz parte das lendas da cidade. Construída em 1908 teve que ser reconstruída logo após a inauguração pois estava em um terreno movediço. Durante a Guerra Civil os republicanos a explodiram para evitar a passagem dos nacionalistas. Dias depois de sua reconstrução uma inundação destruiu dois arcos e ela foi definitivamente abandonada por estar amaldiçoada.

Castellfollit de la Roca também foi uma das primeiras cidades a ter telefone na longínqua 1907. Nesta época só se comunicavam com as vizinhas Olot e Begudà já que no resto da Espanha o invento de Graham Bell só chegou em 1913.

E como última curiosidade quem é que iria imaginar que num vilarejo de 970 habitantes perdido nos Pirineus há um museu sobre a Guerra do Vietnã? Sim ele está lá te esperando.

O pueblo ainda está localizado a poucos quilômetros do Parque Natural de la Zona Volcánica de la Garrotxa com diversas trilhas para quem gosta de contato com a natureza. Um pouco mais longe está o Parque Regional dos Pirineus Catalães. Já para quem não curte trilhas sugerimos conhecer os demais pueblos medievais da região, com destaques para Besalú e Santa Pau.

Por: Quatro Cantos do Mundo

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *