Opinião

E aqui, como seria?”

Em nova ofensiva contra o sistema de votação que o levou à Presidência da República, Jair Bolsonaro distorceu informações ouvidas de um general indicado pelo governo para uma comissão de transparência criada pelo Tribunal Superior Eleitoral. Na esteira da tentativa de golpe no 7 de Setembro, o TSE fez, além desse, um outro movimento para se aproximar dos militares: convidou o ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva para assumir a direção administrativa da corte, oferta da qual ele acabou declinando, por motivos ainda não completamente esclarecidos. Em conversa com Renata Lo Prete, o jornalista Bernardo Mello Franco analisa a sucessão de eventos que contribuiu para dar às Forças Armadas um protagonismo no processo eleitoral brasileiro incompatível com o regime democrático. Colunista do jornal O Globo e comentarista da rádio CBN, ele lembra que o papel delas nessa matéria é essencialmente de apoio logístico, não lhes cabendo coordenar nem fiscalizar nada. Até porque, completa Bernardo, “os militares não são observadores desinteressados”, menos ainda neste governo, que lhes garantiu cargos em abundância e uma série de demandas atendidas. Ele também avalia as condições para se desativar, agora, uma armadilha para a qual a Justiça Eleitoral involuntariamente contribuiu. Convencido de que, se perder, Bolsonaro tentará desrespeitar a vontade das urnas, Bernardo recorre à comparação com Donald Trump: “Lá o golpe não deu certo, as Forças Armadas não deixaram. E aqui, como seria?”

Bernardo Mello Franco -Jornalista

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