Do leitor

A PROFESSORA QUE TEM O CORAÇÃO DE CRIANÇA

Era uma vez…

Numa pequena fazenda do interior do Mato Grosso, morava uma família composta por sete pessoas, os pais e cinco filhos, entre eles uma que sonhava em ser professora.

A vida dessa família, nunca foi fácil, a pequena filha de lavradores, que trabalhavam de sol a sol para sustentar e criar os cinco filhos com dignidade, sendo quatro meninas e um menino. Das quatro, duas delas sonhavam em estudar e frequentar uma faculdade e assim ter uma vida menos sofrida. Para realizar este sonho as duas jovens tiveram que se mudar para a cidade grande, para isso tiveram que ir morar de favor com uma das suas tias, foi uma fase muito difícil para ambas, mesmo com todos os cuidados e carinho dispensados pela anfitriã, elas custaram a se acostumar com a saudade dos seus que ficaram distantes, mesmo indo visitar nos períodos das férias escolar.

Era sempre uma alegria só, quando elas chegavam de volta em casa. Nossa que alegria, ver os animais, cachorros, gatos, as vacas, os porcos, as galinhas, era felicidade imensa. Andar a cavalo era a diversão preferida, fazia questão de apartar o gado todos os dias, atividade que fazia com o maior prazer, levava sempre o cabresto, pegava o cavalo e num único salto já estava no lombo do animal, montada no velho alazão recolhia os bezerros no curral, enquanto as vacas ficavam soltas no piquete, depois disso era galopar pasto afora, sentindo a brisa da tarde no rosto, enquanto seus cabelos esvoaçavam ao vento. Na madrugada era hora de tirar o leite (fazer a ordenha) atividade que ia até o amanhecer.

Mesmo ajudando os pais nos trabalhos da fazenda, era tudo de bom, sempre levava um copo para tomar leite quentinho da hora, nossa que delícia! E assim o dia passava ajudando dona Claudia, sua mãe, nos afazeres da casa, os dias eram só diversão.

Dona Claudia era uma mulher muito rigorosa, que criava suas filhas, ensinando as lides domésticas, tudo que uma dona de casa precisa saber de arrumar a casa a costurar. As moças, daquela época eram educadas para casar e ser mãe, em suma, se tivesse esses predicativos, seria uma boa dona de casa, então dona Claudia se esmerava em ensinar tudo para suas filhas, lavar, cozinha, cuidar da casa, do quintal dos animais, pilar arroz etc. Cada um dos filhos era responsável por algumas atividades domésticas, mesmo com tantos afazeres foi um tempo muito bom.

As férias passavam voando e quando via, já era hora de voltar para a cidade, as aulas recomeçariam na próxima segunda-feira, era um desespero só. Voltar para a casa da tia, mesmo não gostando muito dessa ideia, entendíamos que era para nosso bem. Os seus irmãos mais novos, também sonhavam com uma vida melhor, então seu Antônio, resolveu vender uns bezerros e juntou as poucas economias e comprou uma casa humilde na cidade, não foi fácil manter os cinco filhos na escola, pois o casal vivia da renda da venda da produção e dos animais que criavam.

Dona Claudia que também veio mora na cidade, para não deixar os filhos sozinhos, começou a lavar roupas pra fora, cada dia da semana, lavava e passava roupa de uma família, de segunda a sábado, todo os dias, descanso apenas no domingo. Laila, chegava da escola e via sua mãe no tanque lavando roupa, mal terminava de almoçar e ia ajuda-la, o cansaço estava estampado no rosto da velha senhora, que nunca desistiu de ver seus filhos estudando e se preparando para um futuro melhor.

O tempo passou, aquela menina tímida se tornou uma bela jovem, se graduou em Ciências Biológicas e posteriormente em Pedagogia, após passar em um concurso público do município, ela auxiliava a professora com as atividades das crianças, brincar com os pequenos fazia parte da rotina,, pulava corda, corria, jogava bola, dançava, contava história, tomava banho de mangueira com a turminha, era uma maravilha e por dez anos trabalhou como auxiliar. Prestou novo concurso este para professora. A jovem mestra se encantava ao receber flores e outro mimos dos seus pequenos alunos. Mas o que a fez desmanchar em lágrimas foi um dos seus pequenos alunos dizer, “a professora só é grande, ela brinca com a gente, porque ela tem o coração de criança”.

Aldeny Alves Oliveira é graduada em Ciências Biológicas pela UFMT, graduação em Pedagogia pela FAERP.(Faculdade entre Rios do Piauí), pós-graduação em Saneamento Ambiental, pela Faculdade Integrada da Grande Fortaleza, pós-graduação em Ludopedagogia pela Prominas, pós-graduação em Autismo pela Dom Alberto.

José Carlos Garcia é jornalista em Mato Grosso

desde 1976. Formado na universidade da vida e da lida.

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *