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Mulher assume cerâmica do pai, moderniza empresa e hoje emprega 30 pessoas

Aos 43 anos de idade, a empresária Janaína Verbena, de Cruzeiro do Sul (AC), representa a terceira geração da família a cuidar do negócio de cerâmicas e tijolos. Tudo começou com o avô, o português Manoel Terças, que inaugurou o empreendimento há quase cem anos, na década de 1930.

O pai de Janaína, Seu Joaquim, expandiu a empresa ao montar uma olaria em 1985, que foi reformulada, ampliada e modernizada por ela, que agora cuida de um estabelecimento com produção automatizada.

Diversas edificações relevantes da cidade, como a Catedral Nossa Senhora da Glória, o 61° Batalhão de Infantaria e Selva, Maternidades, Hospitais do Juruá e de Campanha, Aeroporto e Quartel da Polícia Militar, foram construídos com a ajuda da família Terças.

Para Janaína, a decisão de ficar à frente da empresa se deve ao bom relacionamento familiar, tomado em conjunto com os pais e irmãos. O pai, por exemplo, segue ativo por lá, sendo um profundo conhecedor da fabricação de cerâmicas.

Os funcionários também a apoiam na gestão, sendo que 70% dos 30 colaboradores estão com a família desde o início da cerâmica na década de 80.

Antes, a fabricação dos tijolos era bastante arcaica e manual, mas agora foi substituída por uma que faz uso da tecnologia. Com isso, houve um salto de eficiência para a empresa de Janaína, que se mantém entre as 3 grandes indústrias da região.

Para a empresária, sua criação baseada na experiência e na igualdade de oportunidades dadas à ela e à seus irmãos (homens) foram fundamentais para que ela liderasse o negócio com sucesso. Hoje, Janaína é conhecida como a “Rainha do Tijolo do Vale do Juruá”.

 “Você pode fazer qualquer coisa”

Desde cedo, Seu Joaquim levava a filha para o barreiro da olaria. Lá, ensinava ela sobre a liga ideal do barro e até dirigir máquinas pesadas.

O pai sempre disse à filha que ela poderia fazer qualquer coisae isso fez toda a diferença na vida da empresária que agora comanda os negócios da família.

Cada fase da confecção dos tijolos da Cerâmica Terças é bem conhecida por Janaína, como a passagem no forno, a queima e o processo de finalização.

Eu cresci no barro, gosto do barro, da cor do barro, da forma como ele se transforma. Não me imagino em outro negócio. Esse é meu ramo. O suor de todos da Cerâmica Terças, há 3 gerações está em muitas casas, ruas e muitos prédios públicos de Cruzeiro do Sul”, afirmou a empresária, que modernizou o jeito de fazer tijolos, deixando o processo de confecção mais rápido e econômico.

E a dedicação aos negócios, para a empresária, é total. “Sou a terceira geração da empresa, então tinha que melhorar tudo. […] Resolvemos mudar de local, onde o solo é adequado. Como eu e meu irmão tinha viajado e conhecido outras empresas, resolvemos modernizar tudo. Nosso processo era arcaico. Era a maromba funcionando, os trabalhadores pegando com a mão e correndo com carrinho de mão, subindo e descendo pequenas vielas feitas de tábua e arrumando os tijolos nas prateleiras. A produção era pequena com custo elevado. De 2010 a 2013, trabalhamos o projeto dessa nova cerâmica, os licenciamentos, maquinários novos. Hoje nosso processo é todo automatizado, a máquina faz tudo: produz os tijolos, coloca nas vagonetas seguindo pra a secagem e, em seguida, os tijolos são cozidos. A tecnologia diminuiu a mão de obra e aumentou a produção e o que a gente produzia em um mês, agora produzimos em uma semana”, relatou.

Reconhecimento

Já faz dois anos que Janaína é a representante da FIEAC, a Federação das Indústrias do Acre, no Vale do Juruá, onde aproveitou a oportunidade para buscar mais desenvolvimento do setor industrial como um todo.

Nos últimos meses, tem se empenhado na busca de qualificação para os industriais e industriários; ela ressalta como avanço a recente legalização ambiental e documental de mais de 40 empreendimentos do Polo Moveleiro de Cruzeiro do Sul.

Orgulhosa da profissão, ela espera que o novo projeto da FIEAC, em parceria com o poder público, de pequenas obras para os municípios resulte no aquecimento da economia.

“O grande objetivo é a manutenção de empregos e a geração de renda. Essa terra tem marcas do meu avô e do meu pai. Meu pai, filho e meu neto nasceram aqui e quero que essa região cresça e siga em desenvolvimento. Espero estar contribuíndo com o desenvolvimento da cidade. Neste momento se faz necessário deixar de lado minhas necessidades pessoais, em prol do coletivo, para assim dar a minha contribuição na melhoria da realidade econômica da minha terra”, concluiu Janaína Verbena.

POR GABRIEL PIETRO/RAZÕES PARA ACREDITAR

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