Autos e Motores

HONDA FS 125, tataravó da Bros 160

Se hoje as trail de entrada – como Honda Bros 160 e Yamaha Crosser 150 – são um sucesso, é interessante voltar alguns anos e lembrar como tudo começou. Vamos relembrar aqui a história da primeira Honda projetada (ou adaptada) especificamente ao uso misto no Brasil, a FS 125.

Honda FH 125 era um projeto da concessionária Moto Jumbo

O país viu serem lançadas em 1979 as suas primeiras trail fabricadas em território nacional. Foi neste contexto que surgiram as investidas pioneiras, de marcas como a Honda e Yamaha, no universo de modelos dedicados ao uso misto.

Assim como ainda acontece hoje, no final da década de 70 os modelos trail derivaram de pequenas motos street. Desta forma, nascia a Yamaha TT 125 vinda da RX e, a Honda FS surgida da CG 125. Curioso sobre esta última? Então confira!

.Honda FS 125 – tataravó da Bros 160

A Honda FS “Fuori Strada” foi um modelo adaptado pela concessionária paulista Moto Jumbo. As adaptações eram algo comum e recorrente para a época, dada a escassez de modelos no mercado nacional. Com isso, ainda surgiram a CT 125 e a Fazendeira, adaptadas pela empresa mineira Buffalo, todas derivadas da CG 125.

A Yamaha TT 125 não ficava para trás, mesmo já sendo uma descendente da RX, dela surgiram as FBM 125 Rallye e a Motovi SX 125. Se hoje a TT ainda é lembrada, nos anos 70 ela marcou o mercado e gerou a necessidade de criar uma concorrente dentro da Honda, a FS 125. Com a opção não disponível dentro do catálogo de fábrica, coube a Moto Jumbo construir uma rival.

A modificação de uma 2 tempos seria a escolha mais óbvia para uma concorrente de uso misto. Mas a concessionária da Honda decidiu juntar o sucesso da XL 250, importada anteriormente, com a boa aceitação da (quase) luxuosa ML 125. Com isso foi construída uma trail de 4 tempos, com motor e conjunto da CG.

Os instrumentos eram trocados pelos da ML, com conta-giros e velocímetro. O banco original também era substituído por um mais curto, e na parte de trás ele era sustentado por um suporte, com quatro regulagens de altura. O destaque ficava com o para-lamas dianteiro de plástico, exclusivo e fabricado no Brasil.

O modelo ainda recebia protetores de cárter e também no farol dianteiro, como manda o figurino de uma trail. A novidade chegou em 1979, sendo disponível – segundo relatos – até 1982, nas cores branca, preta, vermelha e amarela. Ao longo do tempo os grafismos receberam alterações. A Moto Jumbo chegou a fabricar 40 unidades mensais da FS, que custava Cr$ 37.800,00.

A Fuori Strada descendia diretamente da CG 125, tendo o mesmo quadro e motor monocilíndrico, quatro tempos e refrigerado a ar com 124 cm³. A potência máxima era de 11 cv a 9.000 rpm e torque máximo de 0,94 kgf.m a 7.000 rpm.

Mas houveram modificações e a relação original foi alterada, com o final das marchas ficando mais curto. Tudo isso com a troca do pinhão de CG, que passou de 15 dentes para 14. Com isso, a relação final da coroa passou de 2.533:1 para 2.714:1 e a moto ficou mais esperta.

suspensão traseira ganhou amortecedores importados, com cinco regulagens. Na dianteira foi mantido o garfo original CG, mas com amortecedores de maior pressão – assim, mais duros. O ponto negativo ficava com as pedaleiras fixas e pelo garfo ainda muito baixo.

O modelo chegava com rodas raiadas de 18 polegadas e pneus trail de 2/75 na dianteira e 3/00 na traseira. O peso total do conjunto era de apenas 87 kg.

A Yamaha TT 125 foi a primeira moto de uso misto nacional e logo encontrou as primeiras rivais Honda

Da FS 125 à Honda Bros 160

A receita da FS 125 parece simples, mas foi o primeiro passo para que a Honda criasse seus próprios modelos de fábrica. Assim, a pequena derivada da CG 125 mais daria origem a sucessos como a Bros 160.

Aliás, esta é uma história repleta de modelos que caíram no gosto do brasileiro, tanto nas versões de entrada quanto nas motos de média cilindrada. Tanto que atualmente o segmento trail é o segundo com maior número de emplacamentos no país, atrás apenas do Street.

Por isso, nada mais justo que relembrar quais motos ‘nasceram’ da precursora FS 125. Uma trajetória com sucessos como XL 250R, Sahara, Tornado e Bros 160.

Fernando Santos

Jornalista amante do mundo da moto, vivendo destinos e sons. Ávido por novidades e crescido com o cheiro de motor dois tempos.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *