Do leitor

TRIPÉ

O que acontece com um banco de três pés quando um deles se quebra ou é retirado, sem que seja substituído por algum tipo de reforço?? Obviamente, fica desequilibrado e cai. Pois é o que vem acontecendo no Brasil, com a educação, desde a alguns anos, mas, de forma mais sistemática e contundente, a partir do último pleito eleitoral de 2018! Embora o vencedor deste pleito não tenha participado de debates ou apresentado nenhuma plataforma de governo de forma explícita, durante toda a campanha política a educação nunca deixou de aparecer como uma prioridade. No entanto, a incompetência (ou competência?) dos profissionais que assumiram o cargo de Ministro da Educação, até o momento, já anuncia o que ainda está por vir: um completo desmonte de nossa estrutura educacional. No que diz respeito ao Ensino Médio, disciplinas como história, geografia, sociologia e, agora, química, física e biologia, deixaram de ser obrigatórias e passaram a fazer parte de áreas afins: Ciências Humanas e Sociais e Ciências Biológicas e da Natureza, respectivamente. Além disso, os cortes no orçamento, a perseguição implacável às universidades públicas, à classe professoral, congelamento de salários, a proposta de uma escola sem partido, entre outras medidas dessa natureza, em meio a uma crise sem precedentes como a desencadeada pela pandemia da Covid-19, são provas de que a educação só é prioridade para o atual governo no sentido inverso, ou seja, para desinformar ou, pior, para formar um exército de alienados políticos que não coloquem em risco o projeto neoliberal avassalador em curso. Nesse contexto, as universidades têm lutado bravamente contra medidas provisórias que corroboram com tal projeto de desmonte, mas não está fácil. O poder de Estado é forte e conta com o apoio de parlamentares corruptos, dificultando, quando não impedindo, as conquistas. E assim, a sociedade vai sentindo os efeitos nefastos decorrentes do enfraquecimento de um de seus pilares mais importantes de qualquer sociedade: a educação de boa qualidade voltada para a formação de cidadãos críticos e capazes de lutarem pela construção de formas de organização sócio, política, econômica e cultural alternativas, menos preconceituosas e seletivas e mais justas e democráticas. Como reverter uma realidade tão alarmante? Por meio do fortalecimento dos sindicatos, entre outros instrumentos populares de luta, como a mobilização popular, pressão sobre os Órgãos oficiais para reagirem diante do processo de desmonte da universidade pública e de outras instâncias educacionais, com vistas a evitar que se tornem meros espaços de formação de mão de obra barata, sem criticidade e, portanto, alienada e alienante.

 

 

(*) Wilse Arena da Costa, Profa. Doutora em Educação. Palestrante, Escritora e Membro Fundadora da Academia Rondonopolitana de Letras/MT, Cadeira n° 10. Contato: wilsearena@hotmail.com

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