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“Não tem coisa melhor do que ser torcedor e também jogador”, diz o athleticano Kawan


O sonho da maioria dos athleticanos foi – ou ainda é, para os mais novos – um dia vestir a camisa do Furacão e representar as cores rubro-negras com toda a raça e dedicação que ela merece. E, convenhamos, só nós sabemos do que estamos falando.

Acontece que o mundo do futebol é difícil. Só raça e dedicação não são suficientes. Para chegar ao nível que um clube como o Athletico exige, é necessário muito mais. Por conta disso, muitos sonhos, de athleticanos ou não, ficam pelo caminho.

Mas, quando se supera todas essas dificuldades e se alcança o objetivo, a satisfação e o orgulho são os maiores prêmios. Esse é o caso de Kawan, jovem meio-campista do Rubro-Negro.

Nascido e criado na Vila Carlota, no bairro Uberaba, em Curitiba, foi desde cedo que o menino, acompanhado do irmão Kaio e do pai Ricardo, começou a rodar os campos do bairro, trajado com a camisa rubro-negra, atrás de uma partida de futebol.

“Tive uma infância tranquila, como qualquer outra criança do meu bairro. E desde cedo com o sonho de ser jogador de futebol, sempre acompanhando do meu pai e irmão pelos campos da Vila Carlota”, relembra.

Os primeiros passos para se tornar realmente um jogador foram na APCEF (Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal), no bairro onde cresceu, jogando futsal. Depois disso, ingressou no Paraná Clube, passando por algumas escolinhas de futsal até ingressar no futebol de campo.

Mas, quando chegou ao Paraná, os locais de treino já não eram muito perto de sua casa. Primeiro foi no Tarumã, antes de partir para a Vila Olímpica do Boqueirão.

“Meus pais nunca puderam me levar para treinar, porque trabalhavam o dia inteiro. Também não tínhamos condição de pagar passagem. Foi então que meu pai decidiu começar a ir para o trabalho de bicicleta para me dar o cartão transporte dele”, conta.

Ainda com nove anos de idade, Kawan tinha a companhia do irmão para ir aos treinos. Mas com 10 anos, já teve que encarar a rotina sozinho. “Eu estudava de manhã e treinava à tarde, ia sozinho de ônibus. Foi assim até os 14 anos, quando comecei a morar no CAT Caju”, diz.

Quando tinha 13 anos de idade, um amigo em comum entre a família de Kawan e Ricardo Silva, gerente da Escola de Futebol Furacão, mudou a trajetória do garoto. “Cheguei ao clube após fazer um teste no Trieste, que na época tinha parceria com o Athletico”, relembra.

A história é confirmada por Ricardo Silva. “Um amigo meu me falava que tinha um garoto com potencial, que deveria ser avaliado pelo clube. Ele foi avaliado pelos profissionais do Athletico e se enquadrou dentro do perfil de atleta que o clube buscava”, afirma.

O sonho do menino Kawan estava mais perto de se tornar realidade. “Quando criança, eu cheguei a ir na Arena antiga e era sensacional, ficava imaginando como era jogar ali. Mas parecia um sonho muito distante, principalmente pela realidade em que eu vivia”, destaca.

“Como o Athletico é o maior de Curitiba, todo moleque sonha em jogar aqui. Graças a Deus, eu tive o privilégio de conseguir. É um orgulho muito grande para a minha família. Aqui em casa, todos são rubro-negros”, completa.

Se já foi difícil chegar, outra dificuldade é se manter. Para isso, o jovem talento do Furacão tem objetivos bem claros. “Não tem coisa melhor do que ser torcedor e também jogador. Meu objetivo é chegar bem na equipe principal e jogar, fazer história aqui”, revela.

História que já começou a ser escrita na última temporada, quando ele estreou entre os profissionais, ainda pela equipe de Aspirantes, e foi campeão do Campeonato Paranaense. Kawan também foi o primeiro jogador nascido em 2002 a jogar pela equipe principal.

“Sou muito grato ao Athletico por tudo que o clube fez por mim. Se eu consegui jogar, foi graças ao trabalho e às oportunidades que tive”, conclui Kawan.

Créditos: José Tramontin/athletico.com.br – Arquivo

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