Nacional

Em reunião do BID, Bolsonaro defende compromisso do Brasil com meio ambiente


source
Em reunião do BID, Bolsonaro defende compromisso do Brasil com meio ambiente
Reprodução

Em reunião do BID, Bolsonaro defende compromisso do Brasil com meio ambiente

Na tentativa de amenizar as críticas ao Brasil por seu magro desempenho em matéria de preservação do meio ambiente — pedra no sapato do acordo entre Mercosul e União Europeia (UE), entre outros projetos paralisados —, o presidente Jair Bolsonaro defendeu, nesta quinta-feira, o fim do desmatamento ilegal e a criação de um fundo para o desenvolvimento sustentável na Amazônia, no âmbito do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Em breve mensagem gravada e transmitida na reunião anual do BID, — da qual participaram, também, o presidente da instituição, o americano Mauricio Claver-Carone, eleito ano passado com apoio decisivo do Brasil, e o chefe de Estado da Colômbia, Iván Duque —,  o presidente brasileiro afirmou que iniciativas como a BID demonstram “o compromisso do Brasil e dos países da região com a conservação e uso sustentável da floresta”.

“É motivo de orgulho para nosso governo que o fundo tenha como prioridade o fomento da bioeconomia, principal pedido feito pelo Brasil ao BID”, disse Bolsonaro.

Em sua fala, o presidente afirmou, ainda, que “o fim do desmatamento ilegal depende da valorização da economia amazônica e da melhora da qualidade de vida da população local”. “Nos últimos seis meses, houve queda de 20% nos alertas de desmatamento, em comparação com o mesmo período do ano anterior”, comentou Bolsonaro.

O que o presidente não afirmou foi que no ano passado o Brasil bateu um recorde de desmatamento: 11.088 quilômetros quadrados. De acordo com Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, “a diminuição só é boa comparada ao recorde negativo de 2020, do próprio governo Bolsonaro”. “Além disso, e muito importante, o pior período começa no fim de abril, estação seca na Amazônia”, apontou Astrini.

Na mesma mensagem ao BID, o presidente brasileiro afirmou que nos últimos seis meses seu governo conseguiu evitar o desmatamento de mil quilômetros quadrados. Na opinião do do secretpario executivo do Observatório do Clima, “isso é muito difícil de prever, porque não sabemos quanto poderia ter sido desmatado”.

Você viu?

No ano passado, a taxa de desmatamento na Amazônia divulgada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) foi mais de três vezes superior à meta apresentada pelo Brasil na conferência de 2009 da Convenção do Clima, em Copenhague, para 2020. Os valores levados em conta para o cálculo da meta em 2020 são os resultados da temporada que vai entre agosto de 2019 e julho deste ano. Foram 11.088 km² de área perdida no bioma, mas o objetivo era chegar perto de 3 mil km².

No mesmo evento desta quinta, o presidente do BID confirmou que a instituição fará uma primeira contribuição ao fundo criado por iniciativa de vários países, entre eles o Brasil, de US$ 20 milhões.

Atualmente, segundo monitoramento de ONGs como o Observatório do Clima, estão parados R$ 3 bilhões no Fundo Amazônia, financiado por países como Alemanha e Noruega.

O fundo ficou paralisado por divergências com os doadores depois que o governo extinguiu, em 2019, os colegiados Comitê Orientador (COFA) e Comitê Técnico (CTFA), que formavam a base do Fundo. “Não falta dinheiro, falta governo”, frisou Astrini.

Em seu discurso, Claver-Carone elogiou sugestões do Brasil ao BID sobre economia sustentável e garantiu que “existe vontade política e interesse do setor privado para impulsionar modelos de desenvolvimento sustentável”.

Essa não é a opinião de governos europeus, principalmente a França, que consideram a política ambiental do governo Bolsonaro um obstáculo para avançar na assinatura do acordo de livre comércio entre Mercosul e UE. Os questionamentos ao Brasil em matéria ambiental também estão atrapalhando o processo de entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *